segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Quando bater aquela carência

Quando bater aquela carência ou aquela tristeza não faça nada, apenas vá tratar de descansar sua mente e tentar aquietar um pouco seu coração. Tente ir dormir, ficar acordado só te faz ficar se auto-martelando, pensando, imaginando e lembrando besteiras. Ocupe-se, trate de esquecer. Não invente de pegar seu telefone, nem chegue perto do computador. Se estiver triste no meio da noite ou em plena madrugada, pelo amor de Deus, vá conversar com amigos, vá assistir tv, ver algum filme ou até no limite do limite escute alguma música, mas que não seja romântica ou melancólica por favor. Se estiver triste, na pior das hipóteses, fique esperando essa sensação passar, mas não invente de falar que sentiu falta, que bateu a saudade e resolveu procurar. Isso que você está sentindo não é saudade, você já passou da fase da saudade, agora é só carência e carência logo passa. Não se deixe levar por uma sensação momentânea, algumas palavras mal ditas podem ser mal interpretadas e depois de ditas não são esquecidas. Sabe aquele velho ditado que de a gente não deve falar nada de cabeça quente? Pois é, serve para o coração também. A gente não deve falar nada com o coração quente, na flor do momento. Espera, aquieta seu coração e deixa seu pensamento relaxar. Certos momentos devemos aguentar sozinhos e certas coisas devem ficar somente com a gente. Então quando bater aquela carência e aquele aperto no peito, não faça nada. Trate de deitar e esperar, não vai durar para sempre, vai passar. Com o tempo vai passar. 
(Bárbara Flores)

Na maioria das vezes,

Na maioria das vezes, quando você está com um problemas todos costumam dizer: “dê tempo ao tempo”, “o tempo resolve”, “o tempo cura”. Querido, o tempo só passa, não resolve problemas. O tempo só adia, quem resolve é você! Acreditar e pensar que o tempo vai resolver seus problemas é quase tão inocente quanto esperar o coelhinho da páscoa te trazer chocolates no dia páscoa. O tempo pode te ajudar a pensar em uma solução, mas não vai resolver. Quem tem que tomar as providencias necessárias é você. Eu sei que dói quando as coisas que você quer não dão certo, ou quando não sai como planejado. Dói quando aparece algum problema que parece ter solução. É cansativo eu sei. Pois sempre que parece que sua vida ta tudo bem, está tudo nos eixos é que acontecem essas coisas, que aparecem esses problemas. Mas não desista, não se deixe depender do tempo ou de ninguém. A única coisa de que você precisa para conseguir resolver e dar certo, é acreditar em si mesmo, é ter fé em você. E no final, a sua vida vai estar de volta nos eixos, e não foi o tempo que colocou sua vida nos eixos novamente, foi você.”
 (Bárbara Flores)

“Amar é um ciclo de estupidez.

Amar é um ciclo de estupidez. Você conhece uma pessoa, aproxima-se dela e vocês começam a criar laços. Vocês começam a se falar todos os dias, rir das piadas sem graça uma da outra e começam a trocar trechos de músicas. Vocês começam a compartilhar segredos, começam a mostrar suas manias e começam a achar o jeito um do outro encantador. Vocês começam a sair juntos e a fazer coisas juntos, começam a perceber os defeitos um do outro e ao invés de se afastarem e irem devagar, vocês mergulham de cabeça em uma relação. Vocês começam a se apaixonar de verdade e começam a tentar agradar outro, tentar alegrar outro. Vocês começam sentir a necessidade um do outro, da presença, da pessoa. Vocês se entregam de corpo e alma e por fim entregam seus corações. Vocês começam a achar que estão em um conto de fada, onde tudo é perfeito, onde vocês foram feitos um para o outro e onde começam a fazer planos como se fossem ser felizes para sempre. Vocês passam a viver seus dias um para o outro e se disparam na frente do destino e começam a querer antecipar o futuro. Vocês começam a querer se ver todos os dias, passar todos os dias juntos, viver todos os momentos juntos, vocês começam a se esquecer que é importante ter liberdade em um relacionamento e que ter uma vida pessoal em uma vida à dois é fundamental. O tempo vai passando, o relacionamento vai sufocando e vocês começam a discutir, começam a brigar, começam a falar besteiras da boca para fora. Vocês já não tem mais aquela paciência e compreensão que tinham no começo. E sabe os laços que vocês tinham criado no começo? Então, eles começam a virar nós. E ao invés de terem paciência, terem cautela para desatar os nós, vocês só o apertam cada vez mais e mais, e na maioria das vezes nem percebem o que estão fazendo. Aí vocês ficam se perguntando o que aconteceu, em que parte do caminho vocês se perderam um do outro, e a resposta é que vocês não se perderam, o problema é que vocês não se cuidaram. Vocês sempre estiveram ali, juntos, vocês só se perderam fazendo planos para o futuro e esqueceram de cuidar do presente, vocês se esqueceram de fazer o mesmo esforço para dar certo agora que vocês fizeram no começo. Vocês acharam que o esforço que tinham feito era suficiente e não é, não adianta nada hoje correr atrás, fazer questão, se esforçar e amanhã jogar tudo para o alto, o amor é uma rotina de se esforçar, de demonstrar, de errar, de perdoar, de fortalecer e reforçar. Amar é um ciclo de estupidez, mas não é sempre assim, na maioria das vezes somos nós que o deixamos estúpido achando que somos capazes de controlar alguém ou o amor.”
 (Bárbara Flores)
Imagem de pll, sasha pieterse, and pretty little liars

Tudo tem a sua hora,

Tudo tem a sua hora, tudo tem o seu momento certo. De nada adianta querer apressar as coisas, Deus não faz nada antes do seu tempo. De nada adianta a ansiedade, a pressa, a impaciência, Deus não age antes e nem depois, Ele age na hora certa. Tudo acontece exatamente quando deve acontecer, existe o tempo certo para cada coisa que irá acontecer em nossas vidas. Deus conhece nossa alma, conhece as nossas verdadeiras necessidades. Ele sabe do que realmente precisamos e de quando precisamos. Está pré-destinado, é preciso cautela, é preciso paciência. Vai acontecer quando você estiver realmente preparado, quando Deus sentir que você amadureceu, que você cresceu, Ele irá se manifestar. Sua benção vai acontecer, a recompensa vai valer, a hora vai chegar, às vezes pode parecer que não, mas vai chegar, é preciso confiar! É preciso aceitar que existe uma força maior em nossas vidas, que Ele traça os caminhos e nós os escolhemos, e nossas escolhas refletem no tempo da nossa recompensa. Acredite, sua hora vai chegar, mas até lá você ainda tem muito o que passar, amadurecer e aprender.” 
(Bárbara Flores)
Imagem de girl, hair, and black and white

domingo, 29 de novembro de 2015

Se tivesse que dar só um conselho seria esse:

Se tivesse que dar só um conselho seria esse: namore uma mulher livre. Por que?
Eu explico. Quando digo livre quero dizer literalmente sem amarras. Sem algo que a prenda, ou seja, sem medo de viver. Uma mulher livre tem personalidade. Ela tem seus próprios gostos, seus sonhos, não se pauta pelos outros. Tem opinião própria, sabe pensar por si só. É independente, e sabe dar espaço e quer ter o seu próprio. Vejo mulher livre como aquela mulher que sente que pode fazer o que quiser, porque pode.
Que não é fresca, é disposta a qualquer coisa. Que sabe se cuidar e não precisa de você, mas que quer ser cuidada mesmo assim e vai cuidar de você de volta. Porque uma mulher livre é uma mulher que tira o melhor da vida. E isso contagia.
Namore essa mulher que você pode igualmente admirar e criticar. Que você possa beber um café de manhã e uma cerveja de noite. Que você possa mostrar um vídeo bobo ou um artigo inteligente. Alguém que seja tão livre que te deixa livre também para você ser você mesmo. Mulheres livres chamam a atenção.
São inevitáveis como um relâmpago: você não resiste olhar para o clarão. E não é a aparência, não é só a aparência. É uma aura diferente. Transparece no sorriso. E te convence na primeira troca de palavras.
A gente não sabe explicar mas percebe quando encontra uma.
Mulheres livres são inevitáveis. E por mais que você tente resistir: se ela quiser, ela tem. Parece que as coisas sempre se alinham para dar certo para ela, no final das contas. Ela é um dos dois: ou ela vai te conquistar ou te intimidar. Principalmente se você for do tipo que gosta de manter uma mulher submissa ou sob sua sombra. Se você tentar sufocá-la você está perdido!
Mulher assim não é do tipo que você coloca na estante pra ficar olhando. E muito menos é do tipo que você pode ficar cozinhando, nem tenta. Com ela é ou não é.
E se não for pra ser, quando menos esperar verá ela escapando pelos seus dedos. Em resumo.
Namore essa mulher que, no final das contas, não é sua. Ela é dela! Ela é um espírito livre. Ela é completamente dela.
E se ela entrega algumas partes para você. Que sorte a sua!
● Hudson Baroni

Você passou por mais uma historinha:

Você passou por mais uma historinha que tinha tudo para ser a definitiva, mas que por algum motivo não deu certo e agora não quer mais saber de amar, não é? 
Hoje você sai por aí dizendo a quem queira ouvir que o seu coração está trancado, que a sua capacidade de amar secou como uma folha no outono e que não há quem te convença a se abrir novamente. Você é um caso perdido para o cupido. Você é uma casca vazia dos sentimentos que um dia te habitaram. Você é só o que sobrou de quem você era antes. Será mesmo?
Eu sei como é. Sei como é se decepcionar tão profundamente que na procura de culpados, até o pobre do amor parece o vilão perfeito. Sei como é perder as esperanças, a fé e a capacidade.
Mas também sei como é reencontrá-las alguns passos adiante. Deixa eu te falar uma coisa. Eu, você, e todo o resto, possuímos uma predisposição natural para o amor.
Podemos não saber muito como esse lance do coração funciona, mas a nossa capacidade sempre estará lá. Latente, acesa, viva, dentro de todos nós. Esperando uma brecha, uma chance, uma oportunidade de acontecer de novo. E de novo, e de novo, e quantas vezes for preciso. Não adianta negar. Ela está dentro de você também. E sempre estará. A chama do amor que queima dentro de você, ninguém pode apagar. Nem você mesmo. Não adianta amaldiçoar o amor. Ele é imune a decepções momentâneas. 
Porque a gente gosta de amar. A gente gosta de filme, de música, de história de amor. A gente gosta da saudade, do abraço, do carinho e dos beijos. A gente gosta das palavras, das declarações e dos emoticons no final da mensagem. A gente gosta de se emocionar, de sentir, de corar. A gente gosta de viver de amor e de morrer por ele também. A gente gosta do amor até quando ele não gosta muito da gente. Dói ter que levar cada sonho, cada plano e cada expectativa para o saco do esquecimento. Eu sei que dói. Recomeçar não é fácil. Mas ninguém disse que seria.
Só que apesar de difícil, a dor não é eterna. Não há ferida aberta que não se feche. Não há dor que a ventania do tempo não consiga levar para longe. Não há passado que não passe.
E quanto antes você aprender isso, antes abrirá mão dessa dor que agora você cuida, cria, alimenta e se recusa a deixar ir embora. Você está dando importância demais a só mais uma das dezenas de outras historias de amor que farão parte da sua vida. Você está se prendendo a algo que você não sabia, mas estava desde o início destino a ser passageiro. Você está segurando essa dor no peito como se segurasse o amor que foi embora. Mas desse amor que um dia queimou, não restou mais nada. Só a fumaça. E ela é tóxica. Então é hora de abrir as janelas, a porta, a vida e o coração. 
Liberte-se dessa dor. Logo atrás dela vem uma nova fornada de amor, quentinha, recém saída do forno. Vai lá provar, vai! Quem sabe o gosto desse amor não é ainda melhor do que o anterior? Quem sabe esse amor não é ainda maior, ainda mais vivo, ainda mais completo e real? 
Não precisa se jogar de cabeça logo se não quiser, não. Mas bota os pézinhos nessa água. O medo irá embora conforme a vontade de mergulhar for chegando. E não se preocupe. Ela vai chegar. Pode até demorar, mas uma hora ela chega. Confia em mim. Eu sei do que falo.
E sei também quando te digo que por mais que você não esteja procurando pelo amor, ele está sempre procurando por você. E uma hora ele vai te achar. E quando achar, não há volta. É uma viagem só de ida. Então é melhor já deixar as malas prontas na sala, porque o amor está chegando. E ele não bate na porta. Ele arrebenta. A porta, a sala, a casa, você. Ele arrebenta para construir tudo de novo. Numa versão ainda melhor, ainda mais forte, ainda mais sábia, ainda mais completa, ainda mais resistente e ainda mais capaz de amar. Porque só o amor cura o amor.

☆ Marina Barbieri

O SILÊNCIO CONFORTÁVEL DOS QUE SE AMAM PROFUNDAMENTE:

Uma relação entre duas pessoas – seja ela qual for – atinge a perfeição quando o silêncio não causa desconforto ou constrangimento. Ter com quem falar é, às vezes, imprescindível, no entanto, ter alguém que consegue se calar ao teu lado é vital. Pois é na escassez da palavra falada que os pensamentos dialogam e as almas se tornam íntimas, conversam.

Às vezes, a extrema falta de intimidade nos obriga a falar qualquer coisa com alguém que está por perto, na tentativa de quebrar aquele silêncio incômodo. Estar em silêncio ao lado de alguém, sem que isso cause constrangimentos, é ao meu ver o auge da intimidade entre duas pessoas. Minha avó gostava de um ditado que nos dizia sempre: "Se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro". Para mim, que às vezes sou inundado por uma necessidade quase vital de manter-me em silêncio, como se houvesse um selo invisível cerrando minha boca, esta visão a respeito do silêncio, da falta de necessidade de falar é, em alguns momentos ou situações, uma dádiva a que dou muitíssimo valor.
Minha avó - de quem tanto falo - era uma pessoa muito simples, porém de uma sabedoria enorme. Seu olhar sobre a vida, muito me inspirou e tem inspirado. Sempre que conversávamos, eu lhe falava: "vó, um dia ainda escrevo sobre sua vida". Ao que ela me respondia sempre: "quem se interessaria pela vida, pelos pensamentos de uma velha sem estudo?". O que percebo é que cada vez que escrevo sobre essas situações cotidianas e corriqueiras, muitas pessoas se emocionam e se interessam. Na verdade, o que a humanidade quer é o simples. Neste texto, então, quero falar apenas sobre a capacidade que eu e ela tínhamos de estar confortável, mesmo em silêncio.
Por todo o período em que minha avó esteve internada, após sofrer um infarto, nós nos revezamos para acompanhá-la no hospital. Aquela noite seria a minha vez de servir-lhe de acompanhante. Durante a visita, a fisioterapeuta veio fazer sua avaliação e nos disse que era preciso que o acompanhante conversasse bastante com ela, pois assim a vovó exercitaria a fala. No instante em que a doutora falou isso, eu olhei pra minha avó e disse: “ihh vó, logo hoje que é a minha vez. Não foi uma boa escolha. A senhora sabe que eu quase não falo nada”. Vovó esboçou um sorriso e com imensa dificuldade balbuciou: “você sempre falou o suficiente, meu neto”. Aquelas palavras me confortaram imensamente.
Minha avó me conhecia como poucos. Nunca fui o tipo de pessoa efusiva, que demonstra sentimentos com facilidade. Sempre fui, em verdade, muito ensimesmado, cerimonioso. Causam-me desconforto e estranhamento, até hoje, pessoas muito expansivas, exageradamente íntimas, que necessitam a todo tempo de demonstrações de afeto, de declarações, de palavras. Sempre achei isso muito cansativo. Diante de minha avó, no entanto, eu sempre pude ser o mesmo menino calado, taciturno, curto de palavras, que gostava de subir à sua casa para ficar ao seu lado, em silêncio. Às vezes à beira da cama, vendo-a dobrar roupas recém-recolhidas do varal, outras vezes, encostado na máquina de costura, brincando com botões, carretilhas e retalhos, ou ainda, sentado à mesa, enquanto ela catava o feijão ou descascava legumes.
Vovó não insistia em arrancar palavras de minha boca, não me enchia de perguntas o tempo todo. O silêncio entre nós era confortável. Ela compreendia que eu gostava muito mais de ouvir do que falar. “Meu filho, você não é de falar muito. Só observa.” Eu arqueava as sobrancelhas e sorria. Em silêncio.
Essa possibilidade de estar ao lado de alguém, podendo guardar meu silêncio, sempre me agradou. Desde menino, sempre pensei demais. A mente fervilhava, elaborava, analisava tudo, o tempo todo. Falar, para mim, sempre foi custoso demais. Até hoje. Trago em mim desde sempre esse desejo de silêncio, essa necessidade de aquietar-me. Pois somente quando me calo é que ouço a voz que fala dentro de mim. A voz daquele que, mesmo sendo eu, é um outro que mora em mim, que me conhece de fato, que me compreende e me aconselha. Aquele que se alimenta do meu silêncio, da minha mudez, que toma forma e habita meus pensamentos. Esse outro que surge no exato instante em que silencio. Preciso ouvi-lo. Sinto sua falta. Conto com ele. É ele quem me dá o equilíbrio, que me ensina a calar.
É esse outro "eu" quem também segura firme as palavras que desejam sair de minha boca, e realimenta meus pensamentos, fazendo-os girar dentro de mim, transformando-os, aparando arestas, lapidando. É ele quem grita dentro de mim, tentando me proteger dos meus rompantes. É o tal que me faz respirar fundo, engolir a seco, e começa a contar comigo: “um, dois, três...”, sempre que pressente que hei de ganhar mais, permanecendo calado. É obvio que nem sempre estou plácido, sereno, o suficiente para ouvi-lo. Mas é justamente nestes momentos em que não o deixo agir é que mais me arrependo.
Falar demais sempre me faz muito mal. Assim como me incomodam profundamente pessoas muito prolixas e verborrágicas. Gente redundante, palavrosa, me irrita imensamente. Gosto muito de ouvir os que respeitam as pausas, que pensam antes de falar, os que permitem intervalos. Para mim, uma relação entre duas pessoas – seja ela qual for – atinge a perfeição quando o silêncio não causa desconforto ou constrangimento. Ter com quem falar é, às vezes, imprescindível, no entanto, ter alguém que consegue se calar ao teu lado é vital. Pois é na escassez da palavra falada que os pensamentos dialogam, as almas conversam.
Meus amigos mais caros são exatamente os que compreendem o meu silêncio, que respeitam a minha mudez intermitente, o meu exílio voluntário. São os que têm permissão para entrar na minha clausura, pois são capazes de caminhar ao meu lado sem fazer barulho. Meus amigos são aqueles que sabem ler os silêncios da minha cadência e não atravessam o meu ritmo. Sabem fazer soar com exatidão tanto as notas como as pausas dos meus compassos. Sabem ler a partitura da minha vida. Entendem a minha música.
Vovó e eu tínhamos esse refinamento. Ela conhecia o meu silêncio. Não precisava das minhas palavras para saber o que eu estava sentindo. Eram os nossos olhos que proseavam, trocavam confidências. O silêncio não incomodava. Naquela última noite em que estivemos a sós, quando lhe faltavam forças para dizer palavras, foi com o silêncio que nos despedimos. Foi porque aprendemos a silenciar que conseguimos trocar aquelas últimas palavras, sem dizê-las.
Em pé ao lado da cama, enquanto eu olhava seu rosto, eu pensava no quanto eu amava aquela senhora, no quanto sua vida, suas histórias, seus ensinamentos tinham sido determinantes na construção da pessoa que eu havia me tornado. Ela me olhava nos olhos, como se ouvisse meus pensamentos. De novo, o silêncio. De minha parte, o silêncio habitual, das horas em que meus lábios cerram de tal maneira, que as palavras parecem não encontrar meios de escapar. O silêncio que minha alma necessita pra falar dentro de mim. Dela, o silêncio resignado, da impossibilidade física de falar.
Nós ficamos um bom tempo, ali, de mãos dadas, olhando nos olhos um do outro. Trocando nossas últimas confidências silenciosas. Ela, então, num esforço tamanho, levou minha mão até o seu rosto e a beijou, com carinho. Suspirou profundamente. E, então, esboçou um leve sorriso. Apesar da tristeza que insistia em meu coração, eu intuí que se tratava de um momento muito especial. Com aquele beijo, com aquele leve sorriso, minha avó me dizia pela última vez o que nunca foi preciso de palavras para dizer.


Naquele instante, eu me transportei no tempo, e vi novamente o menino que corria ao terreno baldio, catava três florezinhas no mato, corria pra entrega-las, e saía às carreiras, envergonhado, tímido. Já naquele tempo, ela me sorria e consentia com os olhos. O silêncio desde então prescindia das três palavras, as mesmas que meu coração ouviu naquela noite em que nos olhamos pela última vez. Ainda hoje, é esse silêncio confortável que ameniza a minha saudade, pois quando silencio é que ainda sou capaz de ouvir a sua voz doce a trazer paz e conforto ao meu coração.

E de repente,

E de repente, o que parecia ser pra sempre se acaba do nada por tudo. Por todas as noites em claro que ele me fez esperar, por todas as maquiagens que ele me fez borrar, pela viagem que ele fez sem me levar, pelas mentiras que eu precisei perdoar, pelas faltas de atitudes que eu deixei passar. E eu fui levando da forma mais leve, tentando deixar tudo mais simples, mais claro e evidente, mas ainda não foi o suficiente.
Eu me entreguei do começo ao fim. Eu me dediquei, fiz a minha parte e me esforcei para que tudo desse certo mesmo estando quase tudo errado. Dei algumas chances e perdi outras. Eu poderia ter sido espinho e ter o machucado, mas eu fui um jardim inteiro mesmo sem receber buquês de rosas ou jasmins. Eu fui presente na vida real enquanto ele se preocupava com o virtual. Eu fui até onde eu pude ser, para tentar chegar mais longe do que ele pretendia ir.

Perdi um pouco da minha loucura para deixar a relação mais lúcida. Deixei alguns assuntos de lado, tratei de fazer algo mais comportado, Ajustei meu coração e deixei o olhar mais largo. Tirei a poeira antes de você entrar, arrastei os móveis para dar mais espaço e mudei os enfeites de lugar. Coloquei sua foto no meu porta retrato e no plano de fundo do meu celular. E agora, eu só tenho a te agradecer por ter feito parte de mim e por ter sido a pessoa que eu precisei naquele momento. Quero que saiba que eu fui a outra metade que faltou em você, eu fui inteira para o nosso amor não se desfazer.
- Maíra Cintra
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Amargando decepções,

 Amargando decepções,
Não somos poucos os que nos tornamos pessoas amargas, indiferentes ou frias, por causa de decepções que afirmamos ter sofrido aqui ou ali, envolvendo outras pessoas.
A decepção foi com o amigo a quem recorremos num momento de necessidade e não encontramos o apoio esperado. Foi com o companheiro de trabalho que nos constituía modelo, parecia perfeito e o surpreendemos em um deslize.
Tais decepções devem nos remeter a exames melhores das situações.
Decepcionarmo-nos com pessoas que estão no Mundo, sofrendo as nossas mesmas carências e tormentos não é muito real.
Primeiro, porque elas não nos pediram para assinar contrato ou compromissos de infalibilidade para conosco. Segundo, porque o simples fato de elas transitarem na Terra, ao nosso lado, é o suficiente para que não as coloquemos em lugares de especial destaque, pois todas têm seu ponto frágil e até mesmo seus pontos sombrios.
A nossa decepção, em realidade, é conosco mesmo, pois que nos equivocamos em nossa avaliação, por precipitação ou por análise superficial.
Não menos errada a decepção que afirmamos ter com a própria religião, com a doutrina de fé cristã que está a espalhar, em toda parte, os ensinamentos deixados por Jesus Cristo para os seres de boa vontade.
O que acontece é que costumamos confundir as doutrinas que ensinam o bem, o nobre, o bom com os doutrinadores que, embora falem das virtudes que devemos perseguir, conduzem as próprias existências em oposição ao que pregam.
Como vemos, a decepção não é com as mensagens da Boa Nova, mas exatamente com os que conduzem a mensagem. Nesse ponto não nos esqueçamos de fazer o que ensinou Jesus: comparar os frutos com as qualidades das árvores donde eles procedem, de modo a não nos deixarmos iludir.
Avaliemos, desta forma, as nossas queixas contra pessoas e situações e veremos que temos sido os grandes responsáveis pelas desilusões do caminho.
Nós mesmos é que criamos as ondas que nos decepcionam e magoam.
Cabe-nos amadurecer gradualmente nos estudos e na prática do bem, aprendendo a examinar cada coisa, cada situação, analisar a nós mesmos com atenção, a fim de crescermos para a grande luz, sem nos decepcionarmos com nada ou com ninguém.
Precisamos aprender a compreender cada indivíduo no nível em que se situa, não exigindo dele mais do que possa dar e apresentar, exatamente como não podemos pedir à roseira que produza violetas, que não tenha espinhos e que não despetale suas flores na violência dos ventos".
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A VIDA DEVOLVE EM DOBRO – AS COISAS BOAS E AS COISAS RUINS.

O troco errado na padaria, que você fingiu que não via, sorriu de lado, saiu de fininho, cantando igual passarinho.
Parece brincadeira, mas não é. A lei do universo é simples: ação e reação. Quem nunca ouviu falar que o mundo dá voltas? Ou que coisas boas atraem coisas boas e coisas ruins atraem coisas ruins? Não importa a sua religião ou credo, o universo retribui.
Encontrar uma carteira cheia de dinheiro na rua? Acontece. Devolver? Nem sempre. E quem devolve? É bobo. “Se você perder a sua, ninguém te devolverá”, eles dizem. “Todo mundo pega, todo mundo rouba, todo mundo é esperto”. Calma lá, amigo, eu não sou ‘todo mundo’. A vida devolve em dobro.
Nunca utilize as pessoas como meio, mas sempre como fim em si mesmo. Isso é Kant. E é Deus, Oxalá, é a ciência, é ateísmo. Não importa de onde você tira esse conceito. A paz de espírito só existe se você estiver bem com você e com o outro. Ninguém aqui é uma ilha.
A vida, meu amigo, devolve cada centavo. Mas nem por isso você deve esperar sentado a retribuição pelas suas boas ações. Se você está nessa vibe, melhor mudar de perspectiva. Sem motivos, sem objetivos futuros. Amar sem compromisso. Ame, inclusive, os teus inimigos.
Falta amor por aí. Faltam boas ações e sobra intolerância. O universo devolve em dobro. E pagamos também pelos erros dos outros. Afinal de contas, somos uma comunidade. Estamos juntos nesse planetinha azul. Mais amor, menos guerra, inveja e ódio. Paz nos corações.
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Maria não queria casar nem ter filhos.



Maria não queria casar nem ter filhos. Não tinha nada de errado com Maria. Ela só era diferente, mas ninguém entendia

Ser diferente é normal. É o que todo mundo diz. As pessoas abraçam causas, protestam contra a discriminação, lutam pela inclusão social. Dizem que as diferenças fazem parte da normalidade. Até que alguém abre a boca para expor uma opinião contrária à esperada. Então, essas mesmas pessoas olham com estranheza e repulsa, como se todos tivessem que ser iguais, pensar de um só jeito, agir de uma só maneira, seguir um único padrão.

Mudar a ordem das prioridades ou ter prioridades que divergem da maioria faz de você uma pessoa incomum. Só que neste caso, ser diferente não é normal, nem aceitável, e tampouco bem visto. Você é incompreendido, fica descontente em seguir os caminhos dos outros, por isso segue o seu próprio fluxo fora dos trilhos.
Dia desses eu li a melhor das definições para quem não se enquadra. Colin Wilson, um escritor inglês, explica em “The Outsiders” como é se sentir fora dos padrões num mundo padronizado. Essas pessoas são naturalmente “desviantes”, forasteiros, não por querer, mas simplesmente porque são assim. Elas até tentam se encaixar numa normalidade, mas a singularidade fala mais alto.
Pense bem. Não é normal você ser feliz sem buscar um relacionamento. Não é normal você abandonar o emprego fixo porque quis se dedicar à arte. Não é normal você vender tudo e mudar de cidade, de trabalho, de vida. Não é normal você desistir de um casamento porque acabou o amor, a alegria, a vontade, a paz. Não é normal você não desejar um emprego público. Não é normal se esquivar de uma vida de comercial de margarina. Não é normal correr atrás da qualidade de vida, ao invés de se preocupar em fazer fortuna.
Eu queria saber quem estipulou tantas regras para ser aceito e para ser feliz. Eu queria saber por quê, na altura do campeonato, as pessoas ainda precisam de referências para se sentirem realizadas. Aceitam os estereótipos mais diversos, mas não podem aceitar àquele que pensa diferente, que age de acordo com as suas ordens e não com as regras dos outros.
O que há de errado em querer viver sem se parecer à ninguém, sem pertencer à ninguém, sem seguir nenhum roteiro, sem fazer o que esperam? Porque todo mundo tem que ser padrão, ter um padrão de vida, de status, de beleza?
Não almejar a instituição do casamento não significa que você não acredita no amor. Quem não quer se casar, por acaso não tem o direito de ser feliz? Aquele que opta por não ter filhos não necessariamente está se eximindo das responsabilidades. Você já parou para pensar que pode ser, exatamente, excesso de sensatez? Trocar o escritório pela praia, a repartição pela música, não permite o sucesso? Deixar para trás uma vida segura e monótona, para sair pelo mundo com uma mochila nas costas, muita coragem e disposição. Isso faz de você uma pessoa fraca? Sair da zona de conforto te torna um ser humano inferior? Ou justamente ao contrário?
Quem disse que os padrões da sociedade estão certos e, outra coisa, que eles funcionam igualmente para todos? Somos únicos. Cada um tem uma história, um ímpeto, faz parte de um meio.
O que Joana quer, não funciona para a Maria. Maria não queria casar nem ter filhos. Não tinha nada de errado com Maria. Ela só era diferente, mas ninguém entendia.

ME CHAME DE VELHA:

_ME CHAME DE VELHA_
Na semana passada, sugeri a uma pessoa próxima que trocasse a palavra “idosas” por “velhas” em um texto. E fui informada de que era impossível, porque as pessoas sobre as quais ela escrevia se recusavam a ser chamadas de “velhas”: só aceitavam ser “idosas”. Pensei: “roubaram a velhice”. As palavras escolhidas – e mais ainda as que escapam – dizem muito, como Freud já nos alertou há mais de um século. Se testemunhamos uma epidemia de cirurgias plásticas na tentativa da juventude para sempre (até a morte), é óbvio esperar que a língua seja atingida pela mesma ânsia. Acho que “idoso” é uma palavra “fotoshopada” – ou talvez um lifting completo na palavra “velho”. E saio aqui em defesa do “velho” – a palavra e o ser/estar de um tempo que, se tivermos sorte, chegará para todos.
Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”. Tenho anunciado a amigos e familiares que, se alguém me disser, em um futuro não tão distante, que estou na “melhor idade”, vou romper meu pacto pessoal de não violência. O mesmo vale para o primeiro que ousar falar comigo no diminutivo, como se eu tivesse voltado a ser criança. Insuportável.
A velhice é o que é. É o que é para cada um, mas é o que é para todos, também. Ser velho é estar perto da morte. E essa é uma experiência dura, duríssima até, mas também profunda. Negá-la é não só inútil como uma escolha que nos rouba alguma coisa de vital. Semanas atrás, em um programa de TV, o entrevistador me perguntou sobre a morte. E eu disse que queria viver a minha morte. Ele talvez não tenha entendido, porque afirmou: “Você não quer morrer”. E eu insisti na resposta: “Eu quero viver a minha morte”.

Sexo não é remédio..



Sexo não é remédio...
São duas da manhã, você está com uma pessoa estranha na cama, e seu único pensamento é para alguém que não está ali. Desde que o prazer acabou, há poucos minutos, algumas coisas tornaram-se evidentes: a sensação de solidão continua, a tristeza é enorme, e a saudades (que você tentava espantar) só aumentou. A alegria que aquele momento oferecia evaporou com o último gemido, deixando você com dois problemas: encarar de novo a sua angústia e conviver, nas próximas horas, com um ser humano que acaba de virar um fardo.
Sexo, definitivamente, não é solução para quem está perdido. Na minha contabilidade pessoal, há dois tipos de seres humanos com quem se pode transar (com alegria) quando o nosso mundo está em pedaços. O ser humano que provocou a ruína e o que parece capaz de reunir os destroços. Se a pessoa à sua frente – ou às suas costas – não é ou não parece ser nenhuma dessas duas, talvez seja melhor vestir a roupa e ficar sozinho. Sexo sem esperança, quando a gente precisa dela, é uma droga com benefícios limitados e muitos efeitos colaterais.
Cheguei a esta conclusão tardiamente, e de forma envergonhada, depois de anos tentando convencer os outros e a mim mesmo de que o sexo era sempre uma terapia adequada. Bobagem. Quando o coração está partido e a cabeça está um lixo, enrolar-se no corpo dos outros aumenta a dor e a confusão. É melhor esperar que a tempestade acalme ou que apareça alguém capaz de abrandá-la. Não há erro maior do que imaginar que qualquer pessoa serve para preencher nosso vazio. Não serve.
Na prática, isso significa que às vezes teremos de enfrentar períodos longos de abstinência sexual. Num mundo ultra-erotizado, isso parece uma tragédia, mas não é. Não há nada de errado em ficar meses sem transar se estamos tomados pela dor. Se não há à nossa volta quem ofereça ao mesmo tempo o conforto do afeto e o estímulo do erotismo, talvez seja melhor abster-se. Para que meter-se em situações que já começam mancas, nas quais já falta alguma coisa na largada?
A cultura feminina entendeu isso há mais tempo. Cansei de ver mulheres recolhidas enquanto homens internamente demolidos se ofereciam para mitigar o sofrimento delas. Quanta pretensão. Quanto autoengano. Nós e nossa varinha mágica, capaz de espantar todas as tristezas, menos a nossa própria. Bem fazem as mulheres que, na dúvida, sorriem, declinam e esperam pelo sinal do arrebatamento. Uma hora ele aparece.
Sexo é celebração, não é remédio.
Sexo é exploração dos sentidos, não anestesia emocional.
Sexo é uma forma de conexão humana, não um mergulho desesperado e solitário no corpo dos outros.
Sexo é o que você quer que ele seja. Pode ser uma experiência boa ou apenas uma ilusão desesperada.
ivan martins

"Alguém levanta cedinho...



"Alguém levanta cedinho e, por causa da estiagem, vai molhar a horta. Dali brota a mistura do almoço e da janta. Arranca as folhas murchas e raquíticas das verduras, que é pra dar força pra planta. Leva tudo e joga pras galinhas, galo e pintinhos. Aproveita pra coletar os ovos. O cachorro sempre junto, por ser um bom companheiro. Volta pra cozinha e coa o café, que a água já ferve. Chama os meninos pra aula, ainda é quinta-feira. A roupa que estava de molho tá pronta pra esfregar. O sabão faz uma espuminha pálida e o barulhinho, “sfring”, refresca um pouco, porque o calor tá demais. Põe pra quarar. Roupa bonita é branquinha. Hora de fazer o almoço: arroz, feijão, carne da lata, angu e uma mostarda assustada na banha. Saladinha de tomate com uma chuvinha de salsa e cebolinha. Restos de comida pro cachorro no prato de folha amassado. Cozinha arrumada: vasilhas areadas, no jirau, secando ao sol. Roupa enxaguada pendurada na cerca. Preparar a geleia de pimenta que reforça o orçamento.
Alguém escuta o cachorro latindo desesperado. Em meio ao latido, um rumor denso, acompanhado de estalos e gritos. Corre à janela e um pesadelo lamacento e fedorento solta seu bafo e dá uma lambida imunda, pegajosa.
O cachorro silencia. As galinhas e pintinhos, desaparecem. A roupa branca manchada de castanho acena o adeus. Os meninos, oh, os meninos...
Alguém deixa o trabalho inacabado. O mundo de alguém se acabou. Foi acabado por uma onda interminável de ganância e compadrio entre irresponsabilidade, corrupção e insensatez."
Flavia Tunes

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

CURANDO AS CICATRIZES DE UM AMOR QUE ACABOU..

Não existe adeus tranquilo, não há serenidade na partida, tampouco alívio no rompimento. Toda e qualquer separação é dolorida e angustiante, pois com ela se despem os fracassos, avultam as mágoas, quebram-se expectativas, instala-se a impotência. Assistir aos sonhos de uma vida fazendo as malas e saindo pela porta, para nunca mais, é como perder um pedaço de si, ser arrebatado por uma vivência tardia de si mesmo.
Isso porque somos feitos para amar e somos levados, desde sempre, a acreditar na necessidade primeira de pautarmos nosso viver no aconchego de um amor que conforta e liberta, verdadeiro e eterno. Por essa razão, queremos sempre que o amor dê certo e lutamos por isso até se esgotarem as forças, muitas vezes às custas de nossa dignidade, da humanidade que nos deveria preencher.
Assim, tanto quem toma a iniciativa de romper quanto quem ainda acreditava ainda existirem chances sofrem, cada qual à sua maneira, por razões próprias. A coragem de agir e a dor da covardia são igualmente dolorosas e alquebram os sentimentos dos protagonistas das separações da vida, sem possibilidade de se medir ou comparar a dor de um e de outro. Quem vai e quem fica estarão fatalmente sozinhos naquele momento.
Chegada a hora de enfrentarmos a vida sem a presença do outro, longe daquilo por que tanto lutávamos e em que tanto acreditávamos, será preciso nos resgatarmos, continuamente, sem descanso. Não poderemos fugir da tristeza, tampouco tentar negá-la, mas teremos que encontrar maneiras de digerir aquilo tudo em favor de nosso despertar solitário, ainda que não felizes, ainda que entre lágrimas.
A tristeza é egoísta, quer tomar todos os espaços para si e instalar-se de vez, aniquilando qualquer lampejo de luz que possa vir a ofuscá-la. Há que se combater o vazio desolador e desesperador com atitudes e força de vontade imensuráveis, amparando-se também no amor daqueles que sempre estiveram conosco, com amizade sincera.
Sempre será bem vinda uma viagem demorada, uma aventura que nunca se teve coragem de enfrentar, uma nova forma de encarar a vida, mudanças de planos, de sonhos, de postura. A tristeza irá nos acompanhar aonde formos, mas com certeza se enfraquecerá aos poucos, pois a dor se alimenta da estagnação, da paralisia, da morte em vida e é combatida com movimentação, abalos nos sentidos, gargalhadas sinceras, beijos roubados e autoestima em expansão - quiçá por amores fresquinhos.
É preciso, pois, manter acesa, ainda que custe, a esperança e a certeza de que haverá sempre muito amor aguardando por nós, pois fomos feitos para durar, para recomeçar incansavelmente, enquanto vivermos, enquanto respirarmos os sonhos de uma felicidade plena e possível de ser vivenciada, desde o raiar até o anoitecer de cada novo dia.
Na separação, fiquei com a melhor parte: eu.” 
(Tati Bernardi)

Se o homem demonstra ter ciúme de você,


Se o homem demonstra ter ciúme de você, mas não te assume, não se engane. Ele não faz isso porque é fofo, mas para te fazer de estepe na vida dele, para que, se um dia ele resolva ficar com você, seja mais fácil para ele, que poderá ter o controle da situação e de seus sentimentos. Ele não pode ser só seu, mas você tem que ser só dele. Isso não é ciúme de quem gosta, e sim pose de quem não quer lidar com um relacionamento sério (com você) agora, mas não quer perder a possibilidade de ter um no futuro. E isso pode nunca vir a acontecer, já que se um dia ele venha a mudar (ou melhor, enjoar de ser solteiro), é bem provável que ele não vá querer alguém que esteja tão "disponível" e à mercê de seus caprichos. Infelizmente, é essa a típica lógica dos homens imaturos. E, também infelizmente, muitas mulheres caem nessa armadilha, pois são sentimentais, sonhadoras e às vezes carentes demais. Portanto, não se permita de modo algum ser controlada e tratada com descaso. O coração não se guarda na gaveta, para ser usado como objeto apenas quando se sente necessidade. Quem ama não leva uma eternidade para te querer, pois tem medo de perder e certamente valoriza o que tem. Quem diz gostar de você, mas te confunde e não se resolve, definitivamente não te merece. Você precisa desencanar desse tipo de pessoa, para dar oportunidade a alguém que tenha sentimentos puros e honestos. A diferença será infinitamente maior e o seu coração imediatamente sentirá, pois estará em paz, colocado não em uma gaveta, mas dentro de outro coração que se ofereceu, de forma voluntária, para ser o seu mais novo abrigo.
Andressa B.Castro

Todo fim de uma relação..


Todo fim de uma relação é sempre doloroso: toda separação parece ser uma tragédia. E na verdade assim o é; afinal, foram sonhos e planos desfeitos; mas você aprende, na dor, a ser forte. Bem como a deixar para trás o que não quis continuar lutando para permanecer ao seu lado, e assim ter uma vida em comum. Não podemos viver de ilusões, colocar pessoas num pedestal imaginário, torná-las únicas e especiais e forçar uma situação que já não existe mais. Você merece muito mais! Merece ser respeitado(a) e amado(a), da forma natural, como deve ser. Tudo que for diferente disso é meramente descartável e superável. Portanto, tenha fé, foque-se no que lhe dá prazer, distraia sua mente o máximo que puder, desabafe bastante. Viva seu luto até exorcizar os pensamentos negativos diante do futuro, pois uma relação que não deu certo não pode ser transformada em parâmetro para o resto da vida, levando traumas já vividos para uma história que ainda não se iniciou. Isso não é justo, nem com você mesmo(a), nem com quem for te querer bem. Aos poucos, o tempo irá te ajudando a colocar tudo em seu devido lugar. Inclusive os seus sentimentos, para que novos desejos aconteçam. Mas, até lá, não se esqueça de se resguardar. Também jamais deixe de lado o seu amor próprio, pois só ele é capaz de te poupar de carregar pesos desnecessários. E ele ainda te orienta a aceitar somente o que você precisa e merece ter na sua vida. Viva plenamente, sem dramas ou carências, e com muita maturidade a seu favor!
Andressa B.Castro.

Eu NUNCA abro mão do meu direito..


Eu NUNCA abro mão do meu direito de ter sempre um sorriso estampado no rosto. E faço dele uma das minhas características mais marcantes! Meu sorriso é o meu instrumento principal de defesa (e de ataque) contra todas as perversidades existentes por aí. Fico feliz com tudo que me encanta, e me encanto constantemente. Há tantas coisas lindas acontecendo o tempo todo, porque então não me permitir aproveitá-las, admirá-las? Logo é assim que me posiciono, pois mesmo em meio a tantas forças contrárias, não permito que elas assumam o controle do meu humor e da minha vida. Entendo, obviamente, que o mundo não gira ao meu redor, mas posso transformar o que está ao meu alcance, fazendo o bem girar apenas com meus pensamentos positivos, com minha graça e meu jeito que sempre vê o lado bom de tudo, de ser leve e livre de amarguras. Eu creio que o mundo pode ser mudado com o meu amor, a minha alegria, a minha força, quando digo "não" às maldades que tentam me fazer aliar-me a elas e "sim" à toda minha fé, que crê que tudo é superável e possível. O poder de um sorrir é imensurável! É grandioso demais para ser explicado. Então sorria, e assim entenderá as portas que ele abre para os verdadeiros milagres que ele nos traz!
Andressa B. Castro

Dor não se mede nem se compara..

Dor não se mede nem se compara. Dor se consola. Quando estamos sofrendo a nossa percepção se modifica. O mundo se estreita e parece não haver portas abertas ou janelas para se pular. E se tem alguma, não temos força para nos atirarmos do outro lado. A janela parece sempre alta demais. E o outro lado nos assusta.
Sofrer é andar no escuro tateando num lugar desconhecido e inóspito. Quando sofremos queremos ser consolados. Pode ser com palavras, com olhares ou com apenas um abraço forte que diga "Você não está sozinho".
Muitas pessoas bem-intencionadas, realmente dispostas a ajudar, costumam contar histórias muito tristes e até mesmo trágicas que ocorreram em sua vida com o intuito de mostrar que existem dores maiores no mundo e desta forma minimizar o sofrimento de quem chora ou simplesmente está prostrado, sem vontade de nada.
O problema é que quando a pessoa está muito mal, no fundo do poço, normalmente ela não deseja ouvir relatos tristes. Ao ouvir mais dramas, ela possivelmente vai continuar sofrendo por causa do problema dela, por causa do relato trágico e somado às duas tristezas entrará um terrível componente na mistura cáustica: o sentimento de culpa. Ela provavelmente também vai sofrer por se culpar. Vai se culpar por sofrer tanto sabendo que existem dores maiores.
Cada pessoa é única, um universo complexo, cheio de particularidades e maneiras próprias de se expressar e viver as crises e se recuperar delas. Talvez, algumas pessoas se sintam realmente melhores , com a dor apaziguada, ao ouvirem relatos tristes. Mas normalmente esta prática só gera sentimento de culpa, mais sofrimento e algumas vezes até certa irritação pois quem quer ser consolado, não deseja receber uma lição de moral no auge da dor.
O sofrimento deveria ser vivenciado sem tantos tabus. Sofrer faz parte da vida depois de uma grande perda. Pular ou negar o luto é contrariar a complexidade da vida e enganar a si mesmo. A pior e mais nefasta mentira que podemos praticar.
Não, dor não se mede nem se compara. Dor se consola e e cura dia a dia, aos poucos, cada um no seu tempo e com os seus meios. Sair da dor é como buscar a saída de um labirinto e por mais que os entes queridos e amigos sejam essenciais no processo de recuperação, cabe a quem sofre fazer os seus caminhos...

Se bateu saudade,


Se bateu saudade, é sinal de que ta valendo a companhia, então vá que a vez é sua, mas se bateu carência, vazio, solidão, e uma vontade de sair correndo atrás só pra ter alguém que supra este momento, então pare, respire, conte até dez mas não ceda pelo capricho do corpo. O que não alimenta a alma, não traz paz ao coração, o que não cuida da gente por dentro, só nos maltrata e quem não nos procura, não nos traz cura. O que nos falta muitas vezes não é a presença de alguém e sim a nossa capacidade de nos amar com mais intensidade, e a nossa fé em buscar de Deus o que o outro não pode nos oferecer por sere distante, por sere covarde e por não se preocupar com o que sentimos verdadeiramente. Se há carência, é porque também há um sentimento não recíproco causando alguns transtornos por dentro, trazendo dor, causando inquietação e isto não é nada legal em um relacionamento que poderia até dar certo se ambos se curtissem com mais responsabilidade. Procure algo mais interessante pra fazer que não seja correr atrás de quem só te faz sofrer, reconheça os seus valores, se doe mais a você mesmo, e espere de Deus o melhor pra sua vida sem se auto desmerecer. Lembre-se, a carência tem inveja do amor, se veste como ele, mas não tem a mesma essência de nos fazer bem. Quem sente a nossa falta, supre as nossas necessidades afetivas sem mendigarmos a sua atenção, o seu carinho, ou a sua humilde presença... Pense nisto.. e se cuide.
Cecilia Sfalsin

É sempre assim,


É sempre assim, quando estamos a espera de algo, quando nos posicionamos naquilo que o coração da gente deseja, e fortalecemos a nossa fé em Deus, parece que tudo começa a dar errado pra gente, as coisas começam a perder a direção, a gente começa a desanimar, a querer retroceder, a fraquejar, como se nada mais fosse acontecer e que qualquer tentativa será em vão. É sempre assim mesmo, os ventos contrários sopram para nos tirar do lugar, para nos fazer murmurar, e com as nossas palavras negativas renunciarmos o que ja esta prestes a nos alcançar. O que eu quero dizer a você é que todo vento passa, mesmo que nos cause alguns estragos, eles passam, e o que tiver que ser nosso, e pra nossa vida Deus coloca em nossas mãos, por mais que tentem nos tirar de cena, nos anular, Ele faz acontecer, Ele realiza no tempo certo e na hora exata, portanto não olhe para o que vem contra você, não tenha medo, não ouça quem não sabe nada sobre a sua vida, e não desanime diante das circunstâncias, porque por mais difícil que seja, nada é impossível para aquEle que te faz vencer. O amanhã sempre vem, e o bonito de tudo, é que Ele não vem pelas mãos humanas, Ele é preparado por Deus e dEle procede todas a coisas..Crê somente... Feliz semana...
Cecilia Sfalsin

Se o tempo voltasse atrás..

Se o tempo voltasse atrás muita coisa na minha vida eu faria diferente, mas como eu sei que ele não volta eu passei a pensar e a viver diferente, e se você me perguntar se me arrependo de alguma coisa eu diria que sim, de muitos vacilos que dei com o meu coração, de muitas pernadas bobas que dei por confiar demais, de muitas atitudes impulsivas, de muitas amizades que fiz e que só me causaram sofrimentos, de muitas decisões e escolhas erradas também. Confesso a você que se eu pudesse, eu arrancaria muitas páginas da minha história, pra não ter que lembrar dos meus tropeços e quedas, pra não ter que vez em quando bater na minha cara e dizer: "como eu fui tola", mas ao mesmo tempo me desperto pra esta realidade que vivo hoje e penso que se não fosse as experiências do ontem, talvez eu estaria cometendo os mesmos erros, e cavando um abismo que futuramente enterraria todos os meus sonhos e certezas. A verdade disto tudo é que eu aprendi a me reconstruir, e pra isto eu tive que colocar a minha confiança em Deus, e permitir com que o tempo me ensinasse através dos meus erros, com isto eu descobri que a vida é uma escola sim, mas que não reprova ninguém, apenas nos força a caminhar sozinhos, nos empurra covardemente vez em quando e nos leva ao topo que a gente desejar, seja ele o da superação, ou o do orgulho e eu escolhi me superar e me vencer todos os dias. Quando eu digo que a gente precisa se enxergar mais, eu não estou dizendo que precisamos sofrer pra ter ou ser, e sim amadurecermos por dentro, deixarmos de lado a meninice e acreditarmos mais em nós, sem nos condenarmos tanto por um passado que não deu, por um amor que doeu, ou por um sonho que não aconteceu .. a vida da gente sempre continua.
Cecilia Sfalsin.

Pelo bem dessa coisa...


Pelo bem dessa coisa maravilhosa, sagrada e fundamental chamada VIDA...
A gente podia pensar em ser menos raso né?
Essa superficialidade que alguns preferem chamar de "sabedoria de vida", sinceramente...
Ninguém merece.
Sabe o nível do: " me machucou, eu dou o troco", "olho por olho, dente por dente", "bateu, levou"...
Olha, sério, me diz uma vez...uma única vez na história da humanidade que essa coisa funcionou...
Isso nunca funciona. Pode até satisfazer na hora, pode até saciar o ego uns instantes...
Mas essa deliciante mentira além de custar caro demais...
Não vale um só centavo do que a gente paga por ela.
Nunca vai trazer um dia de paz na alma...
Nunca vai curar nossas feridas...
Nunca vai tornar nosso caminho menos difícil de percorrer.
E por que a gente insiste?
Para aí um pouco, diminui o volume da mesmice que tem comandado tudo e tenta ouvir o que o teu coração fala...
Talvez, ele tenha coisas a te dizer que nunca esperaste ouvir.
Coisas sobre ti...
Sobre quem de fato és.
Talvez nesse coração more um outro lado teu menina, que deves procurar conhecer...
Um lado mais reflexivo, rebelde às determinações do ego...
Mais amoroso, não tão refém do "disse me disse"...
Mais autêntico, único, com coragem de romper com os modelos comportamentais baratos...
Quem sabe esse seja o auge da tua beleza minha flor...
Aí, escondido sob os escombros do senso comum.
Desperdício né?
Já pensou?

Uma imperfeição carregada de paz.


Uma imperfeição carregada de paz.
Tudo que disse, foi de coração. Desabafei, virei as costas e bati a porta do carro. Gente que não se ocupa, no fundo quer desocupar a nossa mente com o que realmente interessa a gente. Quando alguém me faz sofrer, ou me faz mal, não procuro saber. Não fico perguntando para amigos em comum e bisbilhotando redes sociais. Sou apta ao verbo ignorar. Viro a página, mudo o discurso e continuo. Ninguém é obrigado a me amar, sou repleta de defeitos. Sou uma mulher com a personalidade forte e o coração mole. Não vivo de esmolas, não sou interesseira (já me apontaram, mas quem me conhece sabe que é em falso) e sempre trabalhei para pagar minhas futilidades. Recuso-me a voltar a caminhar ao lado de quem um dia já sentiu vergonha de me dar as mãos em público. Não sou manipuladora e hoje já sinto as pessoas que tentam me manipular. Falo sobre as pessoas, sendo algo bom ou ruim. Afinal, quem não fala? Seria hipocrisia da minha parte escrever bondade sem praticar. Não sou tudo aquilo que escrevo, mas tento da melhor forma possível seguir o correto da vida. Sou uma pessoa insuportável, quem me ama de verdade merece todo meu abraço. Resmungo o tempo todo, choro com facilidade, sou dramática e por qualquer palavra mal interpretada, sinto-me ofendida. Já passei por tanta rejeição que carrego um escudo como proteção. Não sou de guardar rancor, mas na hora da raiva xingo e digo coisas absurdas que me sinto mal. Já apanhei demais por perdoar demais. Já estive distante de pessoas e me reaproximei. Não costumo idealizar a vida de quem eu não quero saber, não faço das minhas palavras discórdias. Fico imensamente satisfeita quando alguém engole todo mal que me desejou ao observar de perto a pessoa que sou. Desconsidero quem um dia já disse coisas que não fiz, mas lavo a minha alma ao olhar nos olhos e dizer tudo aquilo que sempre quis. O silêncio é a resposta, pois para cada retorno não há escapatória. Vivo com a minha ansiedade, com as minhas imperfeições e uma boa índole. Da mesma forma que sou odiada, sou amada. Sou popular entre meus amigos, que sempre fazem questão da minha presença, mas gosto de ficar solitária nos meus dias cinzas e quero correr atrás do tempo perdido. Quando me apaixono, esqueço de mim. Sendo assim, sofro tanto para reconquistar minha vida quando chega o fim. Eu sou assim, movida de erros e acertos. Agradeço a cada rasteira que levei e todas as feridas que sempre carreguei. Trago em mim um pouco de cada um que um dia me virou as costas. Procuro sempre absorver o bom daqueles que eu decidi esquecer. Pensar negativo, criticar em deboches as vitórias alheias e desejar o mal, não me tornará feliz. Transformaria-me na criatura mais amargurada do mundo, por não conseguir me livrar dos males ao meu redor. Desejo sorte até para aqueles que não quero mais perto de mim. Que fiquem em paz e me deixem em paz também.
Joyce Xavier.