sábado, 26 de dezembro de 2015

Ele não vai ser diferente com você

Ele não vai ser diferente com você só porque vocês são muito amigos e tem um outro nível de sintonia, ligação, encaixe. Um nível que você acredita e jura que ele não vai encontrar em mais ninguém, nunca. E nisso você tá até certa, ele não vai! Mas não é isso que ele procura. É isso que ele precisa, mas ele não aguenta, então eu sinto muito, ele vai continuar com uma garota sem graça e neurótica por mês e ignorar sua existência perfeita pra ele. E não vai ser diferente com você porque ele é aquilo lá mesmo, parece (e é) incompleto, mas é como ele é. E todas as vezes que ele reclama que a Isabela é muito insegura e sufocante, que a Patrícia é louca e não deixa ele em paz até hoje, ele pode estar fazendo uma reclamação sincera e talvez nem ele perceba que todas elas tem algo muito claro em comum: falta de amor próprio. E, embora ele reclame tanto, esse é o combustível dele. Ele simplesmente precisa da segurança de ter na mão, no bolso, no chão e pisar em cima. É disso que ele se alimenta. Ele precisa delas pequenas, implorando amor, pra se sentir homem. Precisa de constante e incessante massagem no ego pra lembrar que tem um pênis. Agora, me diz, com quantos anos de treino de bíceps ele aguenta segurar essa barra que é gostar de você, que é livre? Que chega junto no bar, na balada, que bebe e vai até o chão. Que, quando ele for até o banheiro e demorar muito, devolve sorrindo o perdido ao invés de morrer de chorar no banheiro. Nunca nessa vida, meu amor. Nem na próxima, aliás. Como ele iria entender o seu amor quieto e sólido, que nunca precisou de escândalos pra existir? Como ia confiar que você tá ali com ele de corpo e alma porque escolheu ficar e isso é tudo, sem que você se humilhe, diminua e beije a lona? Nunquinha. Então pode pedir a saideira pra assistir esse vai-e-vem de Marias Inseguras que nunca vai ter fim. Nada não vai mudar, ser massagista de ego parece um porre e ele nem é tão grande coisa assim.
Marcella Fernanda

Você me ensinou a ser mais fria,


Você me ensinou a ser mais fria, não sei até que ponto isso é bom ou ruim. Vou guardando tanta coisa, trancando mil sentimentos dentro de mim. Mas e quando eu explodir ? Será que você suporta ? Será que você conseguiria se adaptar a mim também ? Será que você consegue nadar na minha enxurrada? Tem que ser muito forte pra ser fraca só quando chegar em casa, só antes de dormir. Será que você é forte também ? Já nem sei quantas vezes eu disse que não voltaria atrás e voltei, perdi as contas dos nossos quase-fins. Eu só queria que você estragasse tudo de uma vez, sabe ? Porque é isso que eu acho que você vai fazer, mais cedo ou mais tarde. Queria que fosse logo, chega de adiar essa dor. Me obriga a sair dessa, me deixa sem opção. Sozinha não dá. Acaba com essa loucura de querer você de qualquer jeito, a qualquer hora. Me prova de uma vez por todas que você não tá pronto pra isso, corta de vez minhas esperanças que, por mais que eu não regue, insistem em permanecerem vivas. Um fim sempre dói, muito, mas quer saber? Já que é pra doer, que seja à vista. Parcelado sempre vem com juros.
Marcella Fernanda.

Sou só mais uma vítima da Maldição das Mulheres Diretas.

Sou só mais uma vítima da Maldição das Mulheres Diretas. Faço parte da tribo que nasceu predestinada à essa sina de ser sincera, sem rodeios ou meio termos. Sofro, todos os dias, a desvantagem de não ter paciência pra fazer doce, que eles tanto reclamam, mas amam e se acham incríveis ao conquistar as tais "super difíceis". Pior, sou desfavorecida por não ser sonsa, e sonsas, todas sabem, são sempre sucesso e a pedida de quase sempre. A garota é mais rodada do que roleta de ônibus, já fez coisa que até Deus duvida, mas ela jura de pés juntos que você é o segundo cara da vida dela e era só isso que você precisava ouvir, como ela é linda e comportada, não é? É sim, que dó. Gente como eu, parte dessa saga de ser inteira, tem no sangue o impulso e em cada poro a natureza de ser verdadeira, custe o que custar. Nós já começamos a corrida bem atrás e tem milhões de obstáculos a mais pelo percurso. É que gente assim não espera, não se submete a virar peão de jogo, não diz amém pra qualquer regra, muito menos resiste a fazer o que estiver com vontade: seja uma sms, ligação, chamar no chat, falar sobre amor, um ex amor ou qualquer outra coisa. Minha tribo nasceu pra esgotar todas as possibilidades, é um desfecho da maldição. Pra cada fim, um recomeço mais doce, mais cínico e bem mais cara de pau, é o final de todas nós. Eu tô falando de quem se joga, e depois pensa, tá me entendendo? Tô falando da maldição mais deliciosa que qualquer um já tenha ouvido falar. Sorte a minha, sorte a sua, sorte a nossa. E de cada um que tiver a chance de nos segurar por aí, mesmo que por alguns minutos. Sem querer levantar bandeira, mas aposto que a sonsa vai descer na preferência!

Marcella Fernanda
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Nada vai mudar o passado,



Nada vai mudar o passado, mas encontrei um outro presente
Nada vai mudar o que aconteceu no meu passado, mas eu tenho encontrado um outro presente. Daqueles que a gente esfrega os olhos e se belisca pra ver se é verdade. E mesmo todo mundo me dizendo pra eu ir com calma e não transformar em algo que não é, sei que já estou no meio do pulo. Já pirei. Já me joguei o suficiente para não temer a queda, mas apreciar a paisagem.
Não ligo muito para o quão rapidamente as coisas vão acontecendo. Não acho que existe receita de bolo ou alguma prescrição médica que indique horários exatos para demonstrações de afeto e afins. Acho que a delícia da vida é fazer o que quer e poder assumir as consequências. Não imagino nada de demais, apenas não quero me privar de viver isso.
Doido é aquele que não vive o gosto bom do beijo com medo de torná-lo o preferido. Maluco é quem prefere pular fora por não saber o que pode acontecer ao se entregar. Claro que, sabendo-se o que quer, ninguém sai machucado. Mas se permitir é fundamental para receber as coisas mais incríveis que a vida pode oferecer. Ela abraça quem se dispõe, não quem se fecha.
E fico assim, meio bobo, sorrindo à tôa pro nada por conta do comichão gostoso que sinto no peito. Viajo no último encontro, na memória que te coloca na minha frente. Inevitável pensar em como já me machuquei, mas acho que a gente vai adquirindo uma casca. Ela vai te protegendo das portadas, mesmo quando você se abre assim. Ah, eu acho que é isso tudo mesmo.
Queria, sim, um jeito de descobrir se não é só uma empolgação inicial, mas eu vou seguir os instintos. E eles pedem mais, querem mais e vou apenas encaixando as peças e polindo tudo isso com a falta que sinto de ter a presença. Não rotulem, não chamem de nada, não atribuam juízo de valor ao sentimento.
Isso que eu tô sentindo é lindo. E que seja sempre assim.
GUSTAVO LACOMBE

Amar sozinho é desamor:



Amar sozinho é desamor..
Amar sozinho é o auge da resiliência. É se acostumar com a solidão por achar que a companhia do amor que sente é suficiente. Preferir sentir a frustração da falta de companhia do que a tristeza da partida do amor.
É ouvir as músicas que o outro ouve, ver os filmes que ele posta que viu, vasculhar os títulos que ele tem no Skoob. Amar sozinho é não perceber que é exatamente no que você conhece e o outro não que está a riqueza da vida e que dizer “nunca ouvi falar” é uma deixa muito mais instigante para uma conversa. Mas quem ama sozinho não quer estar com o outro para trocar, quer ser o outro para viver. Se moldar sem perceber que molde e forma são diferentes e não iguais.
Quem ama sozinho tem tão pouco, que se apega à quase nada. Amar sozinho é transformar uma mensagem boba num motivo para acreditar, uma noite em declaração de amor. É ler e buscar entrelinhas onde elas não existem, esquecer o discurso e se preocupar em tentar achar nos pronomes escondidos um motivo para se sentir atingido por cada frase.
Criar uma expectativa que excede o bom senso e a sanidade. É saber como o outro vai executar cada movimento em direção ao beijo, mesmo sabendo que ele pode nunca mais acontecer. É sonhar com o tato da ponta dos dedos se arrastando pelo seu corpo e acordar com a frustração dormindo ao lado.
Quem ama sozinho prefere sempre o passado ou o futuro, e nunca o presente. Fica na estação parado vendo o trem passar e não aceita um novo destino nunca, porque pra quem deposita todas as suas esperanças no outro, ele é o caminho. O sonho não é andar lado a lado, é acompanhar o outro onde ele for.
Quando se ama sozinho, é fácil ver no outro a perfeição e fechar os olhos para possibilidades imperfeitas e reais. Porque amar sozinho é acreditar que só existe uma chance de ser feliz. É perder o bilhete da loteria sem saber se ele estava premiado e sofrer mesmo assim.
Amar sozinho é sentir a crueldade de um sentimento que só existe para a plenitude. Amar sozinho é a pior forma de desamar a si mesmo.
marina melz

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

ESTE MONSTRO CHAMADO SOLIDÃO.

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Muitas vezes já estamos sozinhos mesmo estando oficialmente acompanhados. E não há solidão mais nefasta que a dois. Ser olhado sem ser visto. Falar sem ser entendido. Lutando sozinho por algo que o outro já largou mão. Engolindo o próprio senso de prazer por uma relação que é importante apenas para você.
    A infância é marcada por perigos inenarráveis. Temos medo do escuro, queremos ir para a cama dos pais depois de um pesadelo e nos assustamos verdadeiramente com filmes de terror.
    Passada esta fase da vida, continuamos temendo monstros terríveis. O que muda não é a nossa insegurança diante da vida, mas os monstros que nos assombram. No lugar do Jason , do Freddy Krueger e de tantos outros seres estranhos, nos deparamos com o pior dos monstros: a solidão. Não corremos mais para a cama dos pais nem cobrimos a cabeça com o lençol. Continuamos na cama de quem não nos preza e escondemos a cabeça debaixo das mentiras que inventamos para nós mesmos.
    Sou defensora da vida a dois. Mais do que isso. Acredito que devemos lutar bravamente para salvar uma relação. Afinal de contas nenhum relacionamento é prefeito e não devemos desistir de cada relação diante do primeiro imprevisto. Por outro lado, insistir em relações deterioradas ou até mesmo com morte cerebral decretada é perda de tempo. Mas se elas estão falidas, por que insistimos em manter os aparelhos ligados? Porque temos medo da solidão. Mais do que isso. Temos medo de mostrar que estamos sozinhos.
    Só nos esquecemos de um detalhe importante: muitas vezes já estamos sozinhos mesmo estando oficialmente acompanhados. E não há solidão mais nefasta que a dois. Ser olhado sem ser visto. Falar sem ser entendido. Lutando sozinho por algo que o outro já largou mão. Engolindo o próprio senso de prazer por uma relação que é importante apenas para você.
    O mais curioso é perceber que quando uma relação unilateral acaba, quem se sente mais culpado foi quem mais lutou por ela. Muitas vezes a pessoa que desiste de uma relação deteriorada se arrepende futuramente por ter dado um basta, quando a solidão começa a assombrar e até mesmo as mesquinharias do outro ganham um charme. Mas não se iludam. Mesquinharia não tem charme algum.
    Pessimismo e frases cáusticas são atraentes apenas na boca de personagens de filmes. No dia a dia , pessimismo é um saco. É uma chatice sem tamanho conviver com alguém que acha que tudo vai dar errado sem ao menos ter tentado. No dia a dia, é um saco aturar gente que vê a garrafa sempre meia vazia e analisa o ser humano sob o seu pior viés. No dia a dia é um saco aguentar gente que só critica, que só reclama, que só desacredita, gente que diz que nada muda porque tem preguiça de mudar.
    Um dia, uma linda aluna minha, uma garota cheia de luz e afetividade, me disse que eu não estava sozinha porque eu não havia perdido a minha capacidade de me comunicar. Ela leu isto em algum site e correu para me dizer. Acreditei nela. Não tema a solidão nem se culpe por não ter dado certo. Um amor se faz com duas pessoas e não adianta lutar sozinho.

QUER IR EMBORA? VAI!

Quer ir embora? VAI! Dessa vez não vou correr atrás. Aos poucos estou deixando de dar amor a quem não me retribui. Não dou nada esperando retorno, mas também entregar amor nas mãos de quem não sabe lidar com ele, não dá. Quer ir embora? VAI! Não espere que eu lhe mande outra mensagem como se a errada fosse eu. Não existe culpados, existem erros que não aceito mais recebê-los, nem cometê-los.
Quer ir embora? A porta estará aberta. VAI! A tua ausência já não me incomoda mais. As nossas fotos já são meras lembranças. O teu tom de voz eu já fiz questão de esquecer. Vá procurar outros amores. Na verdade, vou deixar as coisas acontecerem naturalmente. Vá ser feliz com o que desejar. Não me procure mais. VAI!
Já não quero mais estar à espera de quem pouco faz pelo "nós", ele já não existe mais. Estou apagando as mensagens da secretária eletrônica, que já não suporta mais a minha busca por um alguém que tem o desejo de ir. Vou deixá-la em paz e que você faça o mesmo, ela já não quer ouvir as promessas que não foram cumpridas. Promessas não são contratos, e nem eu vivo de ilusões. Há algo novo para surgir.
Quer ir embora? VAI! Se pensa que vou correr atrás, voltar atrás, meu bem, eu não sou mais a mesma. Eu estou acreditando em mim, no que sou capaz e no que eu posso encontrar num futuro sem o "nós". Se quiser ir embora, vá! Por mais que eu queira ir atrás e te segurar pelo braço, já não faz mais sentido segurar alguém que não quer ficar. Pode ir, vai! Se for embora, meu bem, eu vou tratar de seguir em frente. Tenho, também, o direito de ser feliz. Te desejo boa sorte. Me desejo confiança.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Posso não saber para onde irei, mas sei bem para onde nunca mais voltarei


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Posso não saber para onde irei, mas sei bem para onde nunca mais voltarei

Não volte aos mesmos erros, ao lar desfeito, aos descaminhos, às promessas quebradas, ao relacionamento fracassado, aos amigos hipócritas, ao emprego desumano. Não abra mão daquilo que você é, daquilo em que acredita, ou ninguém reconhecerá a grandeza que possui dentro de si.
O futuro pode ser planejado, desejado, repleto de metas a serem alcançadas e, ainda assim, sempre será incerto, improvável, impossível de ser previsto com exatidão. No entanto, desejar e lutar por um amanhã melhor e mais feliz nos faz bem, alimentando nossas forças em sempre querer continuar, inesgotavelmente, haja o que houver. Nessa jornada, devemos estar seguros quanto ao que idealizamos, bem como quanto ao ontem e aos lugares a que não poderemos mais voltar, para nossa própria sobrevivência. Há lugares para onde nunca mais devemos voltar. Jamais.
Não volte aos mesmos erros, aos conhecidos descaminhos, mas reaprenda com cada tombo, superando as próprias falhas e lidando saudavelmente com as limitações que todos temos. O ontem deve permanecer lá atrás, ancorando nosso aprendizado contínuo, de forma a redirecionarmos nossas energias em direção a acertos que nos tornarão cada vez mais humanos e mais felizes.
Não volte ao lar que já se desfez, ao colo que não acolhe, ao vazio solitário de uma companhia dolorida. Devemos ter a coragem de colocar um ponto final em tudo aquilo que nos enfraqueceu e nos diminui, tolhendo-nos a tranquilidade de um respirar livre. O nosso caminho deve ser transparente e leve, sem pesos inúteis que atravancam o nosso ir em frente.
Não volte às promessas quebradas, ao relacionamento fracassado, que em nada acrescentou na sua vida, ao incessante dar as mãos ao vazio, ao compartilhamento unilateral, ao doar-se sem volta. Todos merecemos nos lançar ao encontro de alguém verdadeiro e que seja repleto de recíprocidade enquanto se dividem os sonhos de vida. Todos temos a chance de encontrar uma pessoa que não retorne menos do que doamos, que não nos faça sentir a frieza da solidão acompanhada.

Não volte aos amigos hipócritas, às pessoas que se baseiam em interesses escusos para permanecerem ao seu lado. Amizade deve ser soma, gargalhada, brilho nos olhos e ritmo no coração. Caso não nos faça a mínima falta, caso não nos procure sem razão, nenhum relacionamento pode ser tido como verdadeiro. É preciso poder contar com alguém que permaneça ao nosso lado, mesmo após conhecer nossas escuridões, pois é essa sinceridade que sustentará nossos ânimos nas noites frias de nossa alma.
Não volte ao emprego desumano, que achata os sentidos, não reconhece seu valor, apenas criticando e pedindo sempre mais e mais, sem lhe dar nada em troca. Procure uma ocupação onde os minutos não pareçam uma eternidade, onde obtenha reconhecimento, onde possa atuar como personagem principal da própria vida. Não abra mão daquilo que você é, daquilo em que acredita, ou ninguém reconhecerá a grandeza que possui dentro de si.
Sim, não há como prever o futuro, tampouco controlá-lo. Cabe-nos cuidar do nosso aqui e agora com todo o cuidado que o hoje merece, para que diariamente preparemos, aos poucos, um caminho menos árduo, um amanhã que dê continuidade aos nossos esforços em sermos felizes. Agirmos refletidamente, enfim, nos poupará de atravessar caminhos tortuosos e solitários, sob lamentações e arrependimentos. Porque, tendo plantado paixão verdadeira, tendo cultivado relacionamentos sinceros, colheremos, certamente, sorrisos e abraços de gente de verdade, gente com a intenção de ser feliz bem juntinho, sempre.
marcel camargo

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Toda pessoa traz consigo estrelas que a vida concede:



Toda pessoa traz consigo estrelas que a vida concede. Estrelas de brilhar, estrelas de crescer, estrelas de encontrar o caminho do sonho que se persegue. Saber reconhecer os brilhos e as estrelas é o nosso destino. Porque há quem se encante com o brilho de estrelas que não são suas e se perde. Há quem deseje o brilho de outra mais distante e por isso passa quase todo o tempo como passageiro, nas estações, à espera de um trem para lugar nenhum. Aceitar as estrelas que trazemos é o que faz a diferença entre o que queremos ser e o que verdadeiramente somos.
Brilhar é acreditar na força que elas têm, desvendar seus mistérios, e aí então deixar que suas luzes se derramem alma adentro e tanto, que carregar as estrelas seja como conduzir um candeeiro, para que, onde quer que se vá, longe, alto, possam os outros perceber a claridade. Esse é o meu desejo:
Uma felicidade intensa hospedada definitivamente em seu coração, como estrelas na palma das mãos a iluminar os seus caminhos!

domingo, 13 de dezembro de 2015

Pra vc que um dia...Esteve do outro lado...

Ando à procura de palavras como se fossem borboletas raras... as palavras certas... mais raras ainda...
Forço-me a refrear este impulso de te dar tudo o que sou. Amordaço-me nos medos, nos teus... que talvez nem sejam medos... talvez seja apenas a tua forma suave de me dizeres que tudo o que sou te interessa pouco...
E eu prendo-me no silêncio que sei que sentes... fujo das palavras que se tornam curriqueiras.... como "amo-te"... se ditas assim... no espaço todo que nos separa...
Espero o dia em que te chegues perto sabendo que me queres ouvir.
Não tenho escolha que não esta espera... queria o já ou o nunca... queria saber fazer como tantas vezes digo... virar as costas porque não me queres. Deixar de querer...
Mas não. Esta forma de escravatura vem de dentro de mim. Não me liberto. Nem tu me libertas fugindo.
Se ao menos me fizesses acreditar que tambem não queres... se não me guardasses refem das tuas incertezas...
Mas não.
E eu continuarei em busca das palavras certas. As raras que te abram a alma como se fossem chaves mágicas.
Talvez um dia.
😍👄
Pra vc que um dia...Esteve do outro lado...
👄

sábado, 12 de dezembro de 2015

GAMBÁ COM GAMBÁ:



GAMBÁ COM GAMBÁ :

Que os opostos se atraem, não tenho dúvida, mas compensa essa teimosia? Semanas atrás, conversei com uma mulher inteligente, divertida, com mais de 60 anos e três casamentos nas costas. Ela me disse que até hoje sente falta do primeiro marido, com quem tinha afinidades infinitas e viveu uma relação sólida e longeva. Lamenta ter abandonado esse casamento para sair atrás de aventuras, pois, segundo ela, não adianta querer inventar: “gambá gosta de gambá, elefante gosta de elefante, é assim que os pares funcionam”.
Tenho visto muito gambá com coelho, gaivota com jacaré, urso com leopardo, e o resultado dessas parcerias é um misto de excitação com frustração. O diferente nos desafia, mas também nos cansa. É comum nos abrirmos para esse tipo de arranjo quando somos jovens inclinados a viver perigosamente, mas vamos combinar que, depois de tanta batalha para encontrar o amor ideal (supondo que ele exista), melhor encurtar o caminho e aceitar o óbvio: girafa com girafa, morcego com morcego.
Acredito que alguém que gosta de ler pode se entender com aquele que não gosta, que quem acorda cedo pode se dar bem com quem dorme até o meio-dia, que quem é viciado em esportes pode se encantar por um sedentário – mas um desacordo a cada vez, por favor. Reunir todos esses antagonismos num único casal é provocar o destino. É difícil ele sorrir para uma dupla de desajustados.
Eu já arranquei o adesivo “vive la diference” do vidro do meu carro. Agora quero seguir viagem com quem celebra as semelhanças.
Em se tratando de amigos, colegas e outros que compõem o elenco das minhas relações, a diversidade de ideias e de gostos me atrai. Mas para dividir comigo o volante, intimamente, melhor evitar duelos. Que nós dois gostemos de estrada. Que nós dois gostemos de dormir à noite. Que nós dois gostemos de sexo. Que nós dois tenhamos uma visão desestressada da vida. Que nós dois gostemos de música boa. Que nós dois gostemos de ir ao cinema. Que nós dois não precisemos de muito luxo para ser feliz. Que nós dois gostemos de conversar um com o outro. Que nós dois gostemos de praia. Que nós dois gostemos de natureza. Que nós dois gostemos de Londres. Que nós dois gostemos de rir. Que nós dois não sejamos preconceituosos. Que nós dois tenhamos consciência de que estamos aqui de passagem e que é preciso aproveitar este instante. Que nós dois não sejamos carolas nem apegados à dor. Que nós dois sejamos cuidadosos um com o outro, amorosos um com o outro. Que nós dois sejamos honestos. Que nós dois saibamos fazer uso moderado das redes sociais. Que nós dois não sejamos reféns de grifes, mas tenhamos bom gosto. Que nós dois gostemos muito de vinho.
(Martha Medeiros)

NEM TODO MUNDO :


NEM TODO MUNDO :

A gente acredita que existe um senso comum regendo nossos gostos e opiniões, porém somos sete bilhões pensando e vivendo de forma muito distinta uns dos outros. 
Nem todo mundo é regido pelo dinheiro, por exemplo. Dinheiro é bom, é necessário, e quanto mais, melhor – mas esse “mais” não obceca a todos. Há quem troque o “mais dinheiro” por “mais sossego” e “mais tempo ocioso”. Qual o sentido de trabalhar insanamente se já se tem o suficiente para viver com dignidade? 
Nem todo mundo gostaria de morar numa mansão com uma dezena de quartos e espaço de sobra para se perder: tenho uma amiga que desistiu do apartamento cinematográfico onde morava, pois ela não conseguia enxergar os filhos nem conversar com eles – eram longos os corredores e muitas as portas. Parecia que a família vivia num hotel, e não num lar. Trocou por um apartamento menor e aproximaram-se todos. 
Nem todo mundo prefere mulheres com cara de boneca e corpo de modelo, ou homens com rosto de galã e corpo de fisiculturista. Imperfeições, exotismo, autenticidade, um look de verdade, natural, sem render-se a uma busca sacrificada pela beleza, ah, o valor que isso ainda tem.
Nem todo mundo gosta de bicho, de doce, de praia, de ler, de criança, de festa, de esportes, e nem por isso merece ser expulso do planeta por inadequação crônica. Seus prazeres estão fora do catálogo da normalidade e ainda assim são criaturas especiais a seu modo, enquanto que outras pessoas podem cumprir todas as obviedades consagradas e isso não adiantar nada na hora da convivência: são ruins no trato, fracas de humor e voltadas para o próprio umbigo, apesar de seu exemplar enquadramento social. 
Nem todo mundo veio ao mundo para brigar, para reclamar, para agredir, para difamar, para fofocar, para magoar, para se vingar, para atrapalhar – hábitos de muitos, até arrisco dizer que da maioria, já que é mais fácil chamar a atenção através do nosso pior do que do nosso melhor. O pior faz barulho, o pior ganha as manchetes, o pior gera comentários, o pior recebe os holofotes, o pior causa embaraço. Porém, há os que vieram em missão de paz e não se afligem pela discreta repercussão de seus atos. 
Nem todo mundo quer casar, quer filhos, quer fazer faculdade. Nem todo mundo quer ser campeão, presidente, celebridade. Há quem queira apenas viver de um jeito que não seja julgado por ninguém, há quem queira apenas se expressar de um modo menos exuberante e mais íntimo, há quem queira apenas passar pela vida nutrindo a própria identidade, não se preocupando em colecionar seguidores, admiradores e afetos de ocasião. 
Sem jogar para a torcida, há quem queira somente estar bem consigo mesmo.*

(Martha Medeiros)

EU NÃO SOU ASSIM:


EU NÃO SOU ASSIM:

Quando você estiver discutindo com o amor da sua vida, adotando um tom alto demais porque precisa que ele entenda o tamanho do desespero que está sentindo, quando você, aos gritos, começar a trazer à tona coisas que ele fez muito tempo atrás a fim de incluí-las na sua argumentação, quando só lhe restarem palavrões na boca, quando você sentir que está perdendo a razão e também a compostura, acalme-se e diga para si mesmo: “eu não sou assim”. 
Se você não é barraqueira e nunca foi deselegante, contenha-se. É triste ter que se afastar tanto de si para tentar manter alguém próximo. Deixe-o ir, então. Ele partirá de qualquer jeito. Fique em você mesma.
Quando você estiver dizendo coisas que não tem vontade de dizer, quando você sentir que está assumindo um personagem apenas porque é isso que a sua plateia está exigindo, quando você não reconhecer a autenticidade da própria voz, cale-se e pense: “eu não sou assim”. Certamente a pessoa que está com você não está atraída por você, e sim por alguém que você é capaz de interpretar. Deixe-a partir, se ela não se satisfaz com sua naturalidade, e simplesmente mantenha-se em si.
Quando você for impelida a trair porque não está mais vivendo a vida que sonhou, quando for induzida a mentir para que a casa não caia, quando sentir-se obrigada a arranjar desculpas para disfarçar o próprio desejo, pergunte-se: sou assim? Ardilosa, falsa, camuflada? Se você não é assim, se nunca foi assim, melhor enfrentar a verdade, como fazem os corajosos. 
Quando você estiver num local que não lhe agrada, conversando com pessoas que não admira, rindo forçadamente de piadas que lhe soam grosseiras, quando estiver prometendo visitas que sabe que não fará, submetendo-se a situações bizarras ou vexatórias, escute o que seu desconforto está alertando: “você não é assim”. Muitas vezes, especialmente no início da idade adulta, temos que nos adequar a certas contingências sociais se delas depende nossa sobrevivência, mas se você já percorreu um bom caminho, construiu uma vida digna e conhece a si mesma melhor do que ninguém, não precisa se moldar a mais nada, conquistou o direito de ser integralmente quem é.
Quando você estiver sendo condescendente sem receber em troca o carinho que merece, quando você perceber-se desacomodada no que deveria ser aconchegante, quando sentir que está se adaptando com dificuldade ao que não lhe convém, tente perceber se está sendo educada ou se está sendo submissa – não são sinônimos. Educação é básico, mas não exige docilidade fingida nem servilismo humilhante. Pegue sua bolsa e tome o rumo de casa sempre que estiver escutando de si mesma: “eu não sou assim”.
A não ser que você seja.

(Martha Medeiros)

Com a chegada das festividades de final de ano.:

 Com a chegada das festividades de final de ano, o mundo todo se prepara para cumprir um mar de tradições que ocorrem nesse período, tradições estas que podem variar sutilmente de uma cultura para outra. No entanto, há entre muitas delas certas peculiaridades, as quais merecem ser destacadas: o nascimento do menino Jesus, a aparição do “bom velhinho”, popularmente conhecido como Papai Noel, e o incontrolável desejo de presentear amigos e parentes. Acontece que por causa desta última, muitas pessoas perdem a noção da verdadeira essência dessa época, a qual não está simplesmente limitada na compulsória necessidade de dar um presente a alguém ou receber deste, mas de ser e de estar presente na vida daquele alguém que se quer presentear ou ser presenteado. Para ser mais claro, nessa sociedade mercadológica onde tudo se vende e tudo se compra, chegamos ao ponto de comprar também sentimentos como alegria, contentamento, prazeres que são personificados em brindes causando a ilusão de que os objetos podem substituir a falta de atenção, de carinho, de respeito, dentre tantos outros sentimentos que são trocados e esquecidos nessa época.
Mesmo sendo um período de confraternização, não podemos nos esquecer da superficialidade das relações existentes em muitos lares. Casais vivendo relacionamentos de aparente convivência, uma vez que o amor conjugal deixou de existir há muito tempo. Filhos que não se entendem com seus pais, ora pela quase inerente rebeldia da idade, ora pela falta de uma educação que prime pelo respeito aos mais velhos. Idosos abandonados em casas de repouso, clínicas geriátricas ou esquecidos em suas residências aos cuidados de serviçais, (para aqueles que podem pagar por isso), ambientalizam o cenário de descaso de muitas famílias. Porém, cumprimos o papel midiático de comprar uma bela árvore, fazer uma estonteante ceia e ornamentar lindamente nossas casas, quando na verdade toda essa fartura acaba não preenchendo o vazio que sentimos dentro da nossa residência. Nem os presentes dados nem os recebidos são suficientes, portanto, para sanar a carência afetiva desses lares, pois as mentiras que são vendidas em forma de objetos não conseguem enganar as verdades dentro de cada um de nós.
Entre as relações de amizade também não há muita diferença. É no fim de ano que os amigos sumidos aparecem, seja para matar a saudade, seja para ganhar aquele presente. Muitos deles mantêm contatos superficiais, já que a distância impede muitas vezes que se intensifique o companheirismo entre eles. A falsidade se faz presente entre muitos “amigos” que se enganam em abraços fingidos e beijos similares ao de Judas, quando o que sustenta tais relações é o interesse, a inveja, a cobiça, desejos nocivos de pessoas vampiras que só convivem com as outras para extrair delas a sua energia vital. Todavia, nessa época o presente que damos serve para resgatar uma amizade distante, a qual talvez nem exista mais, ou para firmar um contato doentio entre indivíduos que vivem numa relação de predatismo mútuo. Essa convivência manifesta-se na escola, no trabalho, com o vizinho que achamos que conhecemos, e em vários outros ambientes onde compramos a amizade com caros presentes, perpetuando relações que fogem da esfera afetiva e adentram na comercial.
O que falar então da contradição que os presentes exercem na nossa sociedade. Quando a mídia se utiliza desse artifício para idealizar um final de ano feliz, ela esquece, e nos faz esquecer, que muitas pessoas não podem pagar por nem sequer uma lembrancinha de Natal, nem tão pouco contar com uma mesa farta durante a ceia de ano novo. Ou seja, enquanto gastamos por tabela para abarrotar a base da nossa árvore do consumismo, alguns indivíduos passarão o fim de ano com fome, ou se servindo das migalhas que podem conquistar com o suor do seu trabalho. Isso quando não estão submersos na marginalidade, a qual não dá perspectiva de mudança, mas de um futuro incerto que possivelmente os levará a morte. Entretanto, o que importa é presentar e ser presenteado, é ter a mesa abastecida de guloseimas, mesmo que pessoas como nós não possam desfrutar das mesmas regalias. Na realidade, nesse ato há outra contradição desse período, a falta de compaixão. Estamos tão preocupados com o nosso bem estar e de nossos parentes consanguíneos que nos esquecemos de ofertar um final de ano maravilhoso para aquele morador de rua, o menor abandonado, os humildes trabalhadores das grandes cidades e das áreas rurais, dentre tantos outros irmãos que lutam para alimentar suas famílias nesse período.
E essa relação paradoxal continua imperceptível aos nossos olhos. Desejamos o amor, mas não amamos o nosso semelhante. Prosperidade, porém, nem ligamos para a falta de perspectiva de alguns. Saúde, quando na verdade pouco nos preocupamos com o estado dos muitos doentes. Queremos respeito, mas não respeitamos o próximo nem as suas diferenças. Falamos em união, porém na prática somos egoístas, mesquinhos, e intolerantes, sentimentos estes que brotam da individualidade do consumo, o qual não se preocupa com o coletivo, mas sim com o bem estar unitário. Almejamos a felicidade, contudo poucos são aqueles que querem ver o sorriso alegre daquelas pessoas que estão mergulhadas na tristeza por motivos diversos. Desejamos a paz, mas semeamos a guerra entre as pessoas, seja por sua cor, raça, sexualidade ou condição social. Em outras palavras, de nada vale proferir para outrem palavras belas, quando o coração não corresponde ao que se diz.
Então, não devemos comprar a felicidade do outro com presentes, pois estes não vão salvar relações fragilizadas ou que nem sequer existem. O verdadeiro espírito de final de ano não pode ser comprado. Devemos fazer um balanço do ano que passou e nos policiarmos, para que nossos erros possam ser corrigidos e nossos acertos possam ser melhorados no ano que se inicia. Além disso, é sempre bom pensar no outro, na sociedade, e em todos aqueles que estão passando por algum problema, pois ajudar o próximo, mesmo que mentalmente, ajuda a construir uma atmosfera positiva para essas pessoas que estão em desarmonia com a vida. Não podemos blindar nossa vista com as cores do Natal, nem tão pouco ofuscá-la com os meteóricos fogos do réveillon, quando muitos semelhantes vagam no labirinto da escuridão. O verdadeiro presente desse período, portanto, é desejar um pouco de conforto nos corações e na vida de muitas pessoas que vivem sob o prisma da desesperança..


NÃO EXISTE CONVERSA DE ADULTO:



NÃO EXISTE CONVERSA DE ADULTO:
Não deixe de falar o que sente porque o seu filho é uma criança. Não deixe de tocar num assunto que incomoda porque o seu filho é uma criança. Não deixe de expressar as suas emoções e explicar principalmente as suas emoções.
Se está chorando, conte o motivo do choro. Não disfarce, não avise que não é nada. Não minta para a criança. Mentir não é proteger, é confundir. O silêncio preocupa mais do que a voz.
Se está feliz, diga o motivo de sua felicidade. Faça com que ela participe de seus momentos bons e ruins.
Se está com raiva, traduza a sua irritação em palavras. Não mande calar a boca e sair de perto.
Criança é curiosa e deve entender o que está acontecendo para continuar entendendo a si mesma. Criança odeia ser enganada.
Tratamos os filhos pequenos como incapazes. Não existe conversa de adulto, o que existe é conversa sincera para qualquer idade.
Não espere a criança crescer. Pode ser tarde demais.
Criança não é idiota, criança não é boba, criança tem antenas nos cílios, criança tem gravador nos ouvidos, criança guarda tudo o que enxerga.
Criança entende melhor do que um adulto. Adulto costuma só pensar em si, criança pensa em como lhe ajudar.
Criança é o melhor confidente que existe. É um confidente puro, sem segundas intenções. Jamais erra. Ela sabe o que fazer. Vai abraçar quando precisa de um abraço, vai beijar seu rosto para acabar com as lágrimas.
Fabrício Carpinejar

RETÓRICA CAFAJESTE



RETÓRICA CAFAJESTE
Quando não amamos, queremos ter controle do amor do outro.
É um sadismo inconsciente, mas acontece.
Você pergunta tudo o que não sente para ver se a outra pessoa sente, e exercer assim uma maior influência.
O resultado traz uma satisfação de poder.
O homem, quando não está apaixonado e principalmente no início da relação, costuma usar uma retórica cafajeste. Ele projeta, em tom interrogativo, o contrário de suas certezas pessoais.
Perguntará para a mulher: Está com saudade?
Perguntará justamente porque não sente saudade, mas tem o desejo de ouvir pela vaidade de subjugar alguém.
Ou fará advertências bem humoradas: "não consegue ficar longe, né?" ou "cuidado, não vá se apaixonar por mim!".
A provocação é desapego, por mais que transmita a falsa ideia de comprometimento. A possessividade – impor restrições e limitar a liberdade – fica próxima da tortura, já que ter é não mais precisar, ter é assegurar a supremacia, ter é apenas desfrutar de uma confortável disponibilidade.
Quando o homem questiona e não assume o próprio sentimento é que ele se encontra longe de qualquer vínculo. Quando o homem não fala dele e repassa a responsabilidade é que não foi flechado pela paixão.
O interrogatório sobre a dependência disfarça a ausência de interesse.
Numa posição desprovida de sofrimento, pretende fazer sofrer e prender a sua companhia.
É um sinal do autoritarismo da sedução, absolutamente unilateral, de clara dominação psicológica, e não resultado do enamoramento recíproco, em que os dois mergulham em igualdade de condições (inseguros como são os apaixonados, com medo das consequências e da intensidade das experiências).
A impostura de uma das partes – pois repare no quanto é artificial o questionamento - integra um jogo onde confessar a ligação é perder, onde confessar a dependência é abrir a guarda, onde confessar é não mais recuar nas palavras ditas.
O que ele ambiciona é que ela assuma precocemente o amor para pôr um fim à conquista.
Ao declarar que não há como viver longe, oferece o troféu que ele espera: tem uma nova prisioneira emocional para visitar à vontade na cela dos costumes e atender aos seus caprichos.
Cumpriu o que almejava com o mínimo esforço, despreocupa-se imediatamente em cortejar, pode relaxar e partir para outra caça.
Fabrício Carpinejar

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Nem tudo passa,


Nem tudo passa, nem sempre tudo o vento leva, mas um dia tudo acaba e esse é o grande dilema. Quando a pessoa que amas te envenena as borboletas do estômago, deixas de estar apaixonada pelos cantos, e os teus braços já não apertam o amor da tua vida, com a força que precisas.
Passas a ter pensamentos sem cor e sem resposta. E o coração descontrolado, sem saber em que ruas anda, regressa a casa sem sonhos, porque lhe foi levada a realidade de os viver, e dói não saber como esquecer a pessoa que se amou e nos fez sofrer. 
E começas a desfalecer dentro de ti, a enfrentar as tempestades, os monstros e os fantasmas que te atormentam o sono em forma de saudade. O teu quarto, aquele doce refúgio, passa a ser o teu mundo escuro e o silêncio o teu pior inimigo. E no estremecer da alma vivem sentimentos nauseados, misturados, que magoaram dois lados que a razão desconhece, mas que o coração sente quando é enganado. Mas acredita que um dia tudo acaba, e a verdade com o tempo também se declara.

● Carla Tavares

Quando tu foste embora,


Quando tu foste embora, fiquei assustada, e acreditei que aquele seria o meu fim, pois sem ti eu não conseguiria seguir adiante.
Perdi noites a chorar, e aquela chamada que tanto desejei nunca chegou. Enquanto isso o chão sob mim ia desabando. Toda a minha alma estava envolta em amargura, e custava até respirar.
E eu fui procurando sinais, algo que me fizesse crer que ainda poderia haver uma réstia de esperança para nós dois.
Eu convenci a mim mesma de que tu estavas apenas a fazer-te de difícil, e que evitar-me era apenas uma forma de lançares charme para mim. Eu tentei a todo o custo ver o lado positivo da porcaria que tu fazias. O problema é que essa porcaria, não tinha um lado positivo, tinha só o meu lado, o lado da menina parvamente apaixonada e iludida. Depois que desapareceste, eu procurei-te e não te encontrei. Demorou um tempo para cair a tua ficha e eu percebi então que tu apenas não querias ser encontrado! E foi assim que eu tomei uma decisão, renasci! 
Aos poucos e poucos fui costurando de volta os pedaços do meu coração que tu fizeste questão de desfazer. Fui-me amando mais e mais a cada dia. Comecei a ter orgulho em mim, e a valorizar-me mais do que tudo. Resolvi sair para passear e dançar, provei outros beijos, senti o aconchego de outros colos, bebi de outras fontes, abri novamente o meu coração e deixei entrar apenas quem valia a pena. Mudei, muito! Mas não por ti, por mim! Eu cresci e hoje estou aqui para te lembrar tudo o que perdeste! Para te mostrar que cometeste um grande erro ao me tirares da tua vida! Olha para mim agora, mais bonita do que nunca, mais corajosa, mais convicta, realizada! Já deverias saber, que não faz parte da natureza feminina desistir tão fácil assim de nós mesmas! Sim, de nós mesmas! 
Eu aprendi muito em todo este tempo, eu não preciso de cara-metades, almas gémeas, não! O que vier será apenas acessório, porque eu já estou completa. É, o resultado de uma boa dose de amor-próprio sempre faz bem! Eu tenho tudo! Sucesso, felicidade, amor e força! Sim, sem ti! Lembras-te daquela altura em que eu chorava devastada e gritava que tu eras tudo para mim e sem ti, a minha vida não mais faria sentido? Pois, meu querido, a minha vida está fantástica, e a única “coisa” que hoje não faz sentido, és tu! 
Dói estar sozinho, eu sei! Dói ser desprezado pela mulher que um dia desprezaste, eu sei! Dói lembrar dos momentos em que eu te fiz feliz e ter a certeza absoluta de que mais ninguém te fará sentir daquele jeito!
Dói ser brinquedo não é meu lindo! Ora, então agora estou certa de que aprendeste a lição! E lembra-te sempre, se amares uma mulher podes ter a certeza de que ela saberá retribuir-te esse amor, mas se tentares jogar com ela, ela vai ditar as regras, vai ensinar-te a jogar e ainda te vencerá, falhado! Mulher é jóia rara, não é brinquedo, babaca, e só tem quem pode!

● Letícia Brito

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Do meu jeito que tenho que ser.




Tem gente que não sabe, mas eu sou legal, sou sim! Sou chata também, muito chata quando contrariada. Não gosto que falem de mim por trás, apesar de eu estar na frente, considero muito o respeito, pois eu sou do meu jeito que tenho que ser. Não costumo agir conforme meus sentidos, mas conforme o tempo favorável ao ambiente no qual me encontro. Tenho metas estabelecidas nas quais ainda não atingi, tenho palavras guardadas que eu fiquei de dizer quando houvesse sentido e tenho dúvidas nas quais nunca vou saber.
Estou constantemente na busca por algo que me liberte e me faça chegar aonde eu já me encontro para poder me encontrar. De vez em quando resolvo andar pra trás só pra cruzar comigo de novo. Possuo várias de mim por aí, cada uma de um jeito, cada uma de uma maneira no qual dizem, mas acredito somente em uma: em mim.
Costumo sentir com intensidade, a falar com naturalidade e a agir com impulsividade. Sou daquelas que acaba de conhecer uma pessoa e já contei minha vida toda sem ao menos perceber. Mas não saio por aí contando meus segredos, sou preservada com meus assuntos mais íntimos. Acredito que acreditar seja a coisa mais importante na vida, porque se ninguém acreditasse ninguém amaria de novo, de novo e de novo.
Não costumo colocar pontos finais em nada que ficou pendente, ou eu deixo sem ou eu coloco reticências. Penso que nem mesmo a vida tenha um fim, então, não acho justo por um fim se posso abrir um parênteses e continuar escrevendo minha história.


Maíra Cintra

Ninguém precisa saber.


Ninguém precisa saber que eu choro aqui dentro enquanto o mundo inteiro sorri lá fora, nem que penso bobagens quando não acho a saída, nem que eu fico madrugadas em claro pensando na vida. Ninguém precisa saber que eu sinto saudades de tudo o que não aconteceu, nem que eu tento controlar essa ansiedade escrevendo coisas sobre mim.

Eu tento me conter a sentimentos vazios, frios, loucos, mas não consigo. Eu sempre me acabo em um canto, me espremendo, me encolhendo, aumentando esse vazio que não sei de onde vem, se de dentro de mim ou da falta de alguém.

Ninguém precisa saber que eu escuto algumas músicas e lembro-me de você, nem que eu bebo e perco o chão, nem que eu fumo pra me esquecer dessa solidão. Ninguém precisa saber que eu sou teimosa e não consigo me obedecer, nem que eu faço promessas e não cumpro, nem que para escrever eu deixo a TV no mudo. Ninguém precisa saber dessa falta que sobra, nem o que eu penso sobre esse mundo. Ninguém iria me escutar ou fariam-se de surdos.

Então fica assim, vou embora porque preciso ir, escrever outra história, escutar outras músicas, ler outros livros, conhecer pessoas novas. Não sei se a minha vida vai mudar nas próximas 24 horas ou daqui uns 30 anos. Não sei se essa semana irá ser diferente ou irá ser como as outras, não sei se alguém vai me ligar para perguntar como eu estou, na verdade, ninguém precisa saber que eu sinto falta disso. Ninguém precisa saber que eu finjo ter paciência e sofro com isso.

Maíra Cintra

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Vou te dar um conselho:



Agarre-se as pessoas boas, que queiram seu bem, que saibam te dar conselhos e ao mesmo tempo força para continuar, que te elogiam, que sorriem pra você de manhã. Agarre-se as pessoas que te ligam para perguntar como você está, que te mandam sms para te lembrar, que te fazem alguma surpresa. Agarre-as pessoas que pouco te conhecem e já te tratam como um amigo, que te convidam para tomar um chopp, que te pagam uma coca-cola,  que te dão carona para voltar da escola.
Pessoas boas estão extintas, por isso dê valor a quem, de alguma forma está do seu lado, caminhando, ou sentado. Não as deixem escapar pelas mãos do orgulho, pelo olhar distraído, pelo dia corrido. Preste atenção no próximo e não seja o próximo a perder pessoas que podem te oferecer coisas boas. Vejo tantas outras perdidas por aí, se envolvendo com qualquer corpo que encontram na esquina, com desespero e medo de ficarem sozinhas. Acabam se confundindo, misturando sentimentos de carência, necessidade com prazer. Querem mostrar que estão felizes, mas não sabem diferenciar sorrisos. Não sabem que para um relacionamento ser verdadeiro é preciso que haja saudade, amizade ou algum sentimento que for. Que para amar outra pessoa é preciso antes, amar a si mesmo.
Não seja mais "um" nesse mundo louco onde pessoas se misturam a procura de outras pessoas que queiram o mesmo que elas. Não é assim que se relaciona, não é assim que funciona. Não exatamente dessa forma. Vai com calma, vai com a alma. Há muito para se viver lá fora, há muitos motivos do que uma simples vontade. Não se prenda a ilusões, dê mais valor ao que está a sua volta. O mundo é extenso, não se satisfaça com miudezas, inspire e expire grandezas.

Maíra Cintra

Eu estava pensando...



Eu estava pensando como o Sol nascerá amanhã, em como a vida é delicada, em como as pessoas de verdade são raras. Temos que cuidar, temos que preservar, na verdade temos que prestar atenção em tudo a nossa volta, ter consciência de que tudo acaba, mas se não tivermos cuidado acabará mais rápido. Assim são as pessoas e a relação que temos com elas, assim é a natureza e a forma de como a usamos e devolvemos algo a ela. Há uma ganância enorme por trás disso andando no caminho da desigualdade e da injustiça. A solução existe, mas as pessoas estão no lugar errado, no poder errado, nas leis atrasadas, na foto de um desaparecido estampada, na TV e na calçada.
É preciso observar a nossa volta, ter delicadeza nos olhos e nos outros. Não é preciso ter piedade, mas sim ter coragem de ser humilde, de ser bom, de agir com a emoção, não ter arrogância, a antipatia e virar a cara como se nada tivesse acontecendo. Ser doce, por dentro, por fora. Olhar para cima e ver o tamanho do céus em que os prédios luxuosos tampam, olhar para baixo e ver que o chão que você pisa um milionário também pisa, um mendigo também já pisou, um famoso também já passou.
É preciso ter seriedade, sutileza nas palavras. Tem gente que consegue ter tudo isso e arranca a minha admiração. Todos temos defeitos, mas temos um coração. Um dia ele irá parar e vamos parar todos no mesmo lugar, onde o sol bate, onde as pessoas passam e ninguém sabe para onde vão, enterrados ou não.
 Não há necessidade de ter tudo, é preciso ter o suficiente para ser feliz, para viver em paz. Espalhe um pouco do que tem que está sobrando para você e faltando para outros, pode ser dinheiro, roupa, cobertor, comida, carinho, amor, um sorriso, um calor. Ajude um velhinho a atravessar a rua, doe sangue, faça um favor, seja o que for. Espalhe coisas boas, fale de negócios mas fale de pessoas. Seja humano e seja profissional, o mundo está carente de pessoas verdadeiras e sentimental. São tantas as coisas que o mundo precisa que eu não sei por onde começar, como vou terminar e onde tudo isso vai parar.

Maíra Cintra

Nossas esperanças.



Tudo nessa vida é feito de esperas. Esperamos no ponto de ônibus para ir ao trabalho. Esperamos na fila do banco para recebermos o salário. Esperamos por uma noticia que nos acalme da incerteza. Esperamos o ano terminar para poder traçar novas metas. Esperamos alguém aparecer nos momentos de tristeza. Esperamos alguém ligar porque nosso orgulho é maior. Esperamos alguém falar por puro medo de perguntar. Esperamos o final de semana chegar. Esperamos os resultados de um trabalho honesto. Esperamos a nossa novela favorita começar. Esperamos alguém nos elogiar, esperamos na fila do pão, esperamos alguém mudar, esperar, esperar, esperamos o amor chegar.
 É perda de oportunidades esperar por mudanças, por isso construa as suas próprias cheganças. Sustentar o equilíbrio muitas vezes cansa. Esperar é desgastante, corrói, não espere das pessoas pois isso é o que mais nos destrói. Esperamos por várias coisas e nem percebemos, esperamos por coisas que nem sabemos. Tem coisas que esperamos e nunca acontecem, mas as melhores coisas são aquelas que acontecem sem esperar, vem de surpresa e nos surpreende. É no susto que elas nos arrancam o sorriso mais bonito e se tornam permanente.
 Por isso eu não espero, não mais. Já perdi muito tempo, lágrimas, dias e madrugadas. Hoje deixo o destino se acertar e a vida traçar, já esperei muito por coisas e pessoas que nunca irão chegar. Já esperei alguém mudar e acabei sendo a mudança, esperei alguém me fazer feliz e acabei fazendo minha própria felicidade, esperei por atitudes e acabei tomando as minhas, esperei por algo acontecer e acabei sendo o próprio acontecimento. Eu tinha paciência, eu sabia esperar, mas mudei, agora só espero por coisas necessárias e certas, criei pressa de viver com as minhas atitudes mais banais. E eu te peço o mesmo, não espere por mim, eu não volto atrás.

Maíra Cintra

domingo, 6 de dezembro de 2015

Queria assumir que, no meio dessa moda de liberdade,:

Queria assumir que, no meio dessa moda de liberdade, sou escrava dos meus impulsos. Queria deixar claro que minha dificuldade em tomar decisões definitivas é culpa dessa minha escravidão. Se eu decido que é melhor o fim, só porque já deu, vamos tentar uma amizade bonita, eu decido até bater a saudade. Se eu tô com saudade de você, eu acho importante você saber disso e todo mundo sabe onde isso acaba. Tá percebendo o perigo? Eu acho mesmo que tudo que eu pense em relação a você ou um possível nós, seja dito e jogado na mesa, ainda que meio bagunçado. E lá vou eu, de volta pra lugares onde nunca cheguei a sair. Tô sempre brincando de dizer verdades por aí, sem pensar duas vezes ou pesar consequências. Sou uma tímida sem vergonha. Por que eu esconderia minhas vontades de quem faz parte do pacote? Sempre fui impulsiva além da conta e os arrependimentos pelo caminho quase sempre compensam. Aprendi, aos trancos, a não me render ao orgulho, só e sempre ao amor-próprio, que é uma derivação mais sutil e completamente justa. Quando eu resolvo, então, passar por cima dos meus impulsos quase que automáticos e, enfim, tomo uma decisão permanente, você pode ter certeza que é por amor. Amor a mim. Se eu tô contigo, de qualquer modo imaginável, você vai saber e vai saber exatamente como. Se eu for embora, não preciso tocar alarme, dar mil avisos prévios ou fazer cena de novela mexicana, batendo a porta. Você vai me ver saindo aos poucos, cruzando a porta em silêncio e vai ser a última vez que vai me ver tão de perto.