domingo, 31 de julho de 2016

Então os anos passam e você entende que boa parte de tudo que sonhou não vai acontecer. A maturidade te obriga a pagar contas, ter emprego fixo e garantir o fundo de garantia para uma velhice tranquila. Aos poucos, a bagagem dos sonhos começa a pesar e decidimos ir abandonando as vontades pelo caminho. Mudamos nossas atitudes e nos conformamos com o que a vida nos reservou. Alguns sentam e lamentam, outros relaxam e continuam querendo. Eu faço parte da segunda categoria. Posso adormecer um sonho, mas vira e mexe vou até ele e mostro que ainda estou aqui. Outras vezes finjo que esqueci da sua existência, mas o amarro bem perto pra ele não fugir. Muitos sonhos vão sobrevoar nossa vida e aqui do chão parecerão impossíveis de serem alcançados. Mas eu não desisto e estendo meu braço. Além disso, os obstáculos do cotidiano vão cortar as asas do nosso pensamento fazendo muito do que queremos tornar-se impossível. É verdade, pode ser que eu de fato não consiga chegar até eles, mas a confiança já faz de mim uma pessoa bem melhor.
Fernanda Gaona.

Ela precisava agora era de fugir,

Ela precisava agora era de fugir,. Atravessar um oceano de dúvidas e incertezas. Naufragar no mar do desconhecido, onde iria procurar uma razão para a sua insegurança.
Ela precisava de ter a ousadia de deixar para trás o seu território de segurança, para se aventurar na procura de novos desafios e novas emoções. Deixar tudo para trás. Renegar tudo o que, até então, a fez infeliz. Despertar para a vida e carregar a bolsa da saudade com as lembranças só das coisas boas do passado. Precisava de caminhar livre, na estrada da sua existência, somente contando consigo e com a sua esperança.
As suas lágrimas já não tinham som. Ela chorava sozinha e calada, no seu recanto. Onde não existiam horas, não havia nem presente, nem passado apenas um tempo que era recordado. Derramou as últimas gotas da sua tristeza. Deixou escorrer pelo rosto a saudade e a pureza dos seus pensamentos, que já não tinham voz.
Ela que se esquecera um dia que existia. Que havia um tempo que todos os dias corria ao seu lado, acrescentando dias, meses e anos à idade, sem que ela repare-se nesse pormenor.
Há muito tempo que se esquecia de viver. Encostara-se um dia as suas desilusões e aí ficara a ver o mundo rodar enquanto ela permanecia imóvel.

Divagando...

Divagando...
Por vezes penso que sou um rio, daqueles caudalosos e sem margens, não me limito, não tenho amarras, sou pássaro que voa e faz do voo sua emoção, tenho alguns medos, mas ser feliz e pra ser feliz encaro todos eles, sou passional, me magoo com facilidade, mas também esqueço que fui magoada, não guardo rancores(eles envelhecem a gente), acredito porque sou transparente, e ainda creio nas pessoas, ainda creio no amor e num amor verdadeiro, sou mulher pra mil talheres e pra talher nenhum, porque ser mulher é ser camaleoa, é ser metamorfose a cada esquina que a vida pede mudanças, mas sou ainda uma mulher antiga, quando amo esse amor vai comigo querendo ou não...até que a própria vida faça esse amor adormecer ou ter outro rumo, enfim sou meio do avesso, sou diferente, sou um ser que não queria ser gente..."
Dina Isserlin


sábado, 30 de julho de 2016

Todas nós somos capazes..

Todas nós somos capazes de nos colocarmo uma no lugar da outra, isso não é tarefa de gente especial é atitude de gente do bem.
Nós temos que aprender a proteger umas as outras, independente do grau de intimidade.

Todas nós conhecemos mulheres que vivem relacionamentos abusivos: uma vizinha, uma prima, uma colega de trabalho, entre tantas outras. 
O problema é que a sociedade nos ensinou a sermos rivais umas das outras.
Porque a gente passa a vida toda culpando umas as outras?
Se o filho vira drogado a culpa é da mãe.
Se o cara abandona a família a culpa é da mulher que não soube segurar ou da outra que roubou macho.
Se o cara violenta uma mulher no carnaval, vão dizer que a culpa é dela porque ela estava se insinuando.
Entendem o que eu quero dizer?
A gente carrega essa cultura de culpa machista nas costas desde que o mundo é mundo.
Dependência emocional é muito grave gente, ninguém sofre ou está ali naquela situação porque quer, eu canso de ler e de ouvir: ela está nessa situação porque quer, se fosse eu bla bla bla...
É esse tipo de pensamento, sem empatia alguma, sem sensibilidade e sem percepção circunstancial, que nos encarcera nessa merda de machismo.
Esse tipo de ação (de acolher a outra ao invéss de julgar) deveria ser visto como algo natural e facilmente praticado por qualquer uma de nós.
DEVEMOS METER A NOSSA COLHER SIM E SALVARMOS UMAS AS OUTRAS DESSA CULTURA MACHISTA QUE NOS MATA, QUE NOS ESTUPRA E QUE NOS CULPA POR TUDO.
Olhe ao seu redor e enxergue a amiga que está precisando do teu apoio pra se libertar de abusos emocionais, estenda a mão e encoraje aquela colega de trabalho a denunciar o seu agressor, denuncie aquele vizinho que bate naquela vizinha que te chama de metida (sim, ela também precisa da sua ajuda). Não importa, quem seja, nós precisamos aprender a defender umas as outras.
É só sair da zona de conforto e se colocar no lugar da outra. Apenas.
Keila Sacavem.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Ela por bem engoliu a seco as palavras que fariam a diferença.

 Ela por bem engoliu a seco as palavras que fariam a diferença. E por bem guardou tanto e tudo porque não queria perder. Ela se sente longe de casa dentro do próprio peito. E não sabe o que fazer com o que sente, e como é não se sentir sempre incômoda, apressada, atrasada e na dúvida se o que viveu até então não poderia dar-lhe algum descanso. Ela quer o que a alivie desta sensação de não se encaixar; no amor que não encaixa, na solidão que não encaixa, na vida que não encaixa. Ela busca o que a salve do caminho sempre tão difícil, do que crê ser improvável, do que já aceitou ser impossível. Sofre das distrações que não alimentam; sofre da falta de sentido; da falta de amor próprio; sofre de boicote; de insônia; de um silencioso e crônico desajuste dentro de si. Cabe onde não lhe cabe mais e insiste. E se prende. E mastiga. E procura: nos romances que não vingam, entre os erros que se vingam, nos livros que devora. Distraindo-se na poesia, nas ansiedades, no sexo, no sono, na sedução, nos elogios dos outros que coleciona no espelho que não se enxerga. Luta contra os medos, contra o tempo, contra a velhice, contra o estresse, contra a tristeza. Conta histórias para acreditar. Conta lembranças para convencer. Conta vantagens para ocultar o tédio, o emprego, o amor e a rotina sem altitude. Não sabe o que é renascer, apenas se remendar. Assim não se perdoa, não esquece, não se aceita, se envenena: de carências, mágoas, frustrações, passados. Ela que agrada a todos queria ser rebelde. Ela tão rebelde não sabe sentir-se amada. Ela não sabe. Ela suspeita, ela planeja, ela deseja. Ela sonha, mas não desperta.
Ela quer ser quem ainda não foi.
E ver se dá certo. "

___ Guilherme Antunes.___ 

Depois de tudo e tanto meu amor,

 Depois de tudo e tanto meu amor, não precisarei matar-te dentro de mim. Lamento informar somente agora, mas havias morrido desde muito. O erro, confesso, foi não declarar antes teu óbito. Hoje o que está a doer-me não é o final e sim a necessidade de encarar-me e abandonar o peso do passado que carrego. O que está a doer-me é voltar aos inteiros quando neles não caibo mais. O mofo, a mágoa e o medo ocuparam o espaço das janelas para sair. A questão é que me desacostumei com a luz por conta da tua escuridão. Partido estou eu e, se nascem-me as lágrimas são por um passado que não aconteceu e pelo medo de encarar-me no que sobrou a colar os cacos. Choro, sim, de raiva por ter me tornado moribundo. O que me restou? Enganei-me acreditando ser ainda amor, enganei-te ao permitir teus passos ao lado de um homem vazio como defesa pelas dores que me deste. A tristeza não ocorre pela despedida, mas porque não sei para onde ir a encontrar-me com uma paz que hoje não alcanço. Tu te tornaste o fantasma do fantasma que me tornei. Sou eu agora a pagar o preço para ressuscitar, reanimar o amor próprio depois de acimentar doçuras e consignar levezas. E tudo para ficar contigo sem ficar comigo mesmo. Emprestei belezas que jamais poderia ter a ti emprestado, porque tu nunca devolveste. O que mais me dói é ter que recobrar a sanidade e encarar a vergonha de permitir-me perder tempo e ter sido o que jamais teria permitido-me ser. E ainda que eu seja toda esta aridez a lhe confessar, prometo levar-te flores. Num passado em que conseguimos nos amar porque nem no túmulo hoje mereces tu a minha visita. "
__ Guilherme Antunes.__ 

Abandono Familiar..


Abandono Familiar.
Abandono é o ato ou efeito de largar, de sair sem a intenção de voltar; afastamento. Falta de amparo ou de assistência; desarrimo.
Toda nossa vida é gregária, familiar, social e se não estivermos em contato , abandonados estamos ou , então, abandonamos.
Crianças, famílias, mulheres, deficientes e idosos são geralmente as principais vítimas e , na maioria das vezes, quem abandona é aquele que tem mais condições financeiras e geralmente pertencente ao sexo masculino.
As causas para tais atitudes de abandono são diversas e sinteticamente pode-se dizer que existem razões emocionais e envolvimentos amorosos como os principais que desencadeiam o afastamento. As razões financeiras também estão bem presentes.
Os efeitos são diversos e algumas proteções jurídicas foram elaboradas na legislação para proteger , principalmente, as mulheres e crianças, em termos de pensionamento e escritura da casa em nome da mulher etc.. 
Um dos piores efeitos, entendo que seja o sofrimento da criança e daí poder-se-ía dizer que bate o desespero pela carência de amor, carinho e de todos os gêneros alimentícios, vestuário e ocasionando o acesso à vida criminal de muitos menores e adolescentes e uma generalizada busca por uso de drogas, álcool em todas as camadas sociais.

A solução seria o ser humano se conscientizar do que realmente é importante, como a solidariedade, o amor, a convivência harmônica, a cooperação, o trabalho em prol da criança e a busca de ajuda com especialistas para o fortalecimento da família, porque é o único porto seguro para todos os seus membros. 
Abraços do Coruja JF.


domingo, 3 de julho de 2016

Sou uma Eterna Aprendiz,

Sou uma Eterna Aprendiz, um Ser em plena evolução. Amo, amo muito a vida. Respeito a tudo e a todos. Do micro ao macro Ser, pois tudo tem a Essência Divina. Sei que, nada nesta Vida me pertence! A única coisa preciosa que é de fato minha é o Meu Espírito, concedido por Deus. Nada daqui levarei no momento em que partir para uma continuação desta. Somente levarei comigo o perfume das flores que plantei pelos caminhos onde passei. Sou Espírito feito de Amor e Luz, assim como você. A Missão que escolhi é espalhar sementes de flores de amor e resgatar outras flores das quais um dia eu tenha machucado. E depois de cuidar de todas as flores do meu jardim, poderei então volitar por outros caminhos desconhecidos, em busca de novos aprendizados mas sempre na senda do Amor e da Paz, porque Sou feita da Centelha Divina. ;)

sexta-feira, 1 de julho de 2016

"Imagine uma pessoa que não tem lugar.


"Imagine uma pessoa que não tem lugar. Anda perdido, desorientado. E imagine outra pessoa que é filho de família, tem os pais, os irmãos, a casa. A casa é muito importante. Vai sempre seguro de si porque tem um sítio de acolhimento se as coisas lhe falharem. Digamos a casa, digamos o lugar, digamos o sítio. Tal como o Ulisses volta a casa. Ele quer voltar ao recolhimento, à segurança, ao aconchego. O aconchego do ventre da mãe. A casa do homem é o ventre da mãe. Onde ele está e não precisa de fazer nada, tem tudo. E é feliz. E quando o Ulisses vem moribundo e fala na morte, surge a ideia de túnel que é o nascimento do feto, uma reminiscência. Por exemplo, o filme falado termina com o comandante que vê a casa a destruir-se, porque a casa dele é o navio. Mas há o lado ético: o capitão deve ser o último a deixar o barco, e ele tem um passageiro e não pode ir lá substitui-lo. Este é o grande drama. Ele vê arruinar todo o sistema, toda a sua vida, que está concentrada na sua casa. É essa a tragédia que o mundo sofre agora. É que a gente não dá conta, mas no fundo a Terra é a nossa casa. Portanto, já vê o mérito da arquitetura e a ligação que a casa tem ao ventre da mãe.
___ Manoel de Oliveira __